sexta-feira, 26 de outubro de 2018

As memórias de Outono...


 O Outono já começou e as primeiras chuvas também já apareceram. Sempre que sinto o cheiro das primeiras chuvas, oiço a chuva a cair e sinto o frio do Outono a minha memória leva-me para um lugar magnífico. Leva-me de volta ao tempo de criança em que nesses dias de Outono ia para tua casa e estava contigo na "loja".
Leva-me de volta ao lugar onde eu era feliz sempre ao teu lado, tu aquecias-me no tempo frio. Brincavas comigo para passar o tempo.
Por vezes tenho vontade de voltar a esse tempo, ser criança de novo e ter-te ao meu lado de novo. Olhar para ti, para aquele olhar doce e meigo. Mas depois lembro-me que não é possível e eu só posso recordar. Não é a mesma coisa mas já é bom.
Lemro-me de ti sempre, tenho vontade de te ver mas não posso.
A minha vida mudou e mudou bastante. Não está a ser o que imaginei mas está a ser uma aprendizagem magnífica.
Gostava que pudesses estar com a Lara ias adorar e ela iria ter uma sorte enorme de puder partilhar momentos contigo.
Tu ensinaste-me tudo o que sei e tudo o que sou é por causa de ti pois adorava a tua forma de ser.
O meu amor por ti não dá para explicar, de todas as pessoas tu és a mais importante. Mesmo que já não estejas aqui, quando alguma coisa me acontece, boa ou má, és a primeira pessoa em quem eu penso.
Sei que não passei muito tempo contigo, pelo menos o tempo que eu desejava passar. Não vou te dar desculpas mas sabes que com o tempo a minha relação com a nossa terra foi se perdendo, preferia me afastar do que ser influenciada pela negatividade das outras pessoas, porque as outras pessoas não eram como tu. Para ti tudo estava bem e tudo o que importava era a nossa felicidade.
Não sabes o que me custava não te conseguir ir ver, se calhar por minha culpa mais ninguém tem culpa disso. Mas foi assim que decidi enfrentar a vida e por isso tive consequências.
Queres saber uma coisa? Nada mudou desde então, continuo afastada e acho que cada vez mais. Não me consigo sentir em casa ao lado dos nossos, por isso tenho saudades de ser criança porque nessa altura eu não percebia nada e podia usufruir da tua companhia.
São as minhas escolhas, certas ou erradas, tenho que lidar com isso.
Não me esqueço de onde vim nem da minha família apenas tenho poder de escolha e escolho estar com quem me faz sentir bem tal como tu me fazias.
Tudo isto para dizer que estás tão presente na minha vida e que as saudades são enormes. É impossível te esquecer.

Serás a mulher da minha vida para sempre, Amo-te avó...

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Separação entre mãe e filho


A licença de maternidade acabou e eu não estava preparada para isso. Ainda não seria agora que iria trabalhar pois tenho férias por gozar, mesmo assim penso que ninguém está pronta para voltar ao trabalho e deixar a sua cria.
Mas sendo a Lara uma ex-prematura extrema vou ficar de baixa até ter autorização para poder ir para creche.
Mas porquê? Podes deixar com alguém!? A Lara sendo uma prematura extrema o primeiro inverno torna-se bastante perigoso pois os pulmões foram o último órgão a desenvolver. A Lara esteve a levar oxigénio durante quase 3 meses e isso tudo torna o sistema respiratório bastante frágil. Uma simples constipação para nós não é nada de mais mas para estes prematuros pode ser tudo.
Por isso a importância de eles estarem protegidos de todos os lugares onde possam existir vírus. Não significa que não possam apanhar mas pelo menos estão menos propícios a tal. Creches ou amas é para esquecer visto que é lá que se apanha tudo e mais alguma coisa. Os avós podiam ficar com ela mas não estão reformados e os horários não batem certo e por mais eles trabalham na rua ou seja muito mais rápido apanham constipações e gripes.
Para já a solução ideal é mesmo ficar comigo na nossa casa, onde eu consigo controlar tudo.
Agora vem a questão: não confias a tua filha para ser tratada com outras pessoas como por exemplo os próprios avós!? Eu confio e sei que a Lara ficaria em óptimas mãos a questão é que ter um prematuro não é fácil, eles podem desenvolver tão bem que até nos esquecemos os cuidados que devemos ter. Os meus sogros ao contrário de nós têm muita gente que costuma vir até casa deles e eu não posso controlar se estão todos bem para estar com a Lara.
A Lara ainda é muito difícil para comer e eu sei o quanto custa dar a sopa todos os dias. Se eu perco a paciência e ainda sou nova então o que seria deles?
Mas o que importa isso, os filhos estarão sempre melhor com as mães, por isso, na minha opinião todas as mães deveriam ter mais tempo que apenas 4-5 meses de licença.
As mães não deveriam ser separadas tão cedo dos seus filhos por isso vou aproveitar mais este tempinho pois apesar de tudo tive sorte nesta situação toda...

Imagem retirada de. https://www.google.com/search?q=mother+and+son+black+and+white&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjVxIbI2dvdAhWRMewKHUOvCe4Q_AUICigB&biw=1366&bih=638#imgrc=Y1HT4HnPo1JrLM:

domingo, 16 de setembro de 2018

Começou a dormir na caminha...


 Chegou a altura da Lara dormir na caminha dela. Até ao momento ela tem dormido na alcofa, mas neste momento ela necessita de mais espaço.
Decidi mete-la na sua caminha e nem correu muito mal.
Ela adormece no colo e depois coloco-a na caminha. Fica a dormir a noite toda e chora apenas quando a chupeta sai. O vício é muito grande.
Para mim a primeira noite foi a mais complicada, não quer dizer que ela esteja muito longe. Eu e o John vivemos num T1 por isso neste momento a Lara está no nosso quarto. Tem o seu cantinho e o nós o nosso. Mesmo ela estando no mesmo quarto a primeira noite custou bastante pois ela não estava ao meu lado, então penso que me levantei umas quantas vezes só para ver como ela estava.
Nas noites seguintes já estava mais confiante.
A Lara tem um dormir um pouco especial. Há noites que não acorda nem uma vez mas há outras que acorda várias vezes e apenas por um motivo: a chupeta sai.
Quando a meti na caminha tinha receio de não acordar caso ela chorasse ou caso ela necessitasse. Mas que ideia mais parva, nós mães temos a audição muito aporada.
A Lara basta choramingar um bocadinho e eu já estou de olho aberto e a levantar-me. Por vezes é em vão mas a maior parte das vezes tem uma justificação.
Por um lado sinto-me muito mais segura com ela na caminha pois sempre está mais protegida que na alcofa. Por outro, gostava quando ela estava mesmo ali ao meu lado pois bastava esticar o braço e resolvia a situação.
Isto quer dizer que apesar da Lara já dormir entre 6-8horas por noite ainda me levanto várias vezes pois ela não pára se não lhe colocar a chupeta.
Acordo ainda cansada mas assim é a vida de uma mãe...

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O que vem com a mudança...


Por vezes para se mudar de vida temos que fazer grandes sacrifícios. Nesta fase da nossa vida não era bem isto que tinha em mente mas se queremos mudar tem que ser.
Confesso que ao fim de 4 anos de namoro à distância eu pensava que nunca mais iríamos ficar longe um do outro. Pelo menos naquela altura eu disse que nunca mais nos separavamos. Bem agora entra aquele velho ditado de "nunca digas nunca".
O John foi fazer uma formação que nos abrirá muitas portas no futuro, o problema é que é numa cidade diferente da nossa. Significa que voltámos aquela fase em que só nos vemos ao fim de semana.
Não é o ideal, desde que estamos a viver juntos nunca mais nos separamos por tanto tempo mas como disse quando queremos fazer mudanças temos que fazer sacrifícios.
Quando a Lara nasceu estivemos 4 meses longe um do outro e agora volta ao mesmo. Confesso que não tem sido fácil.
Há todo um conjunto de emoções que tenho que gerir, tenho uma filha que necessita da alegria da mãe, necessita de uma mãe que brinque com ela. Por outro lado, tenho uma parte de mim incompleta, que sente um vazio enorme.
Ainda não me acostumei bem a esta nova realidade mas aos poucos vou conseguir. O segredo será mesmo criar uma rotina nova só para nós as duas.
O que mais custa são aqueles momentos em que a Lara está a dormir e aí eu percebo o quanto isso me está a afectar. Apercebo-me disso no momento em que não me apetece fazer nada, nem tenho energia para isso.
Tudo é recente e acredito que tudo se vai tornar mais simples...

Imagem retirada de: https://www.bellafrase.com.br/adesivos-parede-casa-apartamento/adesivos-parede-sala/adesivo-frase-a-mudanca-10216/

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Primeira papa


A primeira papa da Lara foi uma surpresa. Pensava que seria algo mais fácil que a sopa mas no entanto esta miúda é uma caixinha de surpresa.
Reagiu igual ou pior à sopa e eu pensei cá para mim " o que é que eu vou fazer da minha vida? Não bastava ao almoço agora o lanche também".
Desesperei, ela deixa a minha cabeça feita em água. Chora, fecha a boca, cospe a papa.
A primeira papa foi a mais simples, milho e arroz, pensei que poderia ser do sabor. Então compramos com sabor a maçã e já correu melhor mas ainda não é como desejo.
Aqui a questão é: algum dia vai ser como imaginei? Penso que não, eles já têm as suas personalidades e as suas manias. Acredito que melhore mas o feitio está lá.
A Lara é especial, demonstra mesmo quando está a fazer de propósito e eu tenho que me aguentar.
A paciência é curta e há dias que penso que não aguento mas respiro fundo olho para ela e digo para mim: isto é ser mãe.
Apesar das tentativas dela eu e o papá obrigamos sempre a comer até ao final, pelo menos nisso tem que ser.
Pudemos ter que lhe meter chupeta, ligar a TV, brincar com ela mas não facilitamos ao primeiro choro.
O importante é isso mesmo, fazê-los perceber que há coisas que não pudemos ceder e eles não podem deixar de fazer.
Enfim isto tudo para dizer que a primeira papa não foi um sonho. A minha questão na altura foi: mas qual é o bebé que não gosta de papa? Tive a resposta uns segundos a seguir, pelo menos a minha filha pertence a esse grupo.
Haja paciência para acompanhar as birras da miúda, não sei como mas arranjamos sempre um bocadinho...

Imagem retirada de: https://www.captainmums.com/baby/baby-refusing-solids

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Também precisamos de relaxar...


Ontem foi daqueles dias em que colocamos as nossas capacidades de mãe em causa. Não sei se serei só eu ou se apenas as outras mães não querem demonstrar esse lado mais susceptível que nós temos.
Sim temos direito a ficar cansadas, sem paciência e a desejar um momento de paz e silêncio.
A Lara esteve num daqueles dias em que não queria dormir, não queria alcofa, não queria espreguiçadeira e mesmo o colo. Apenas queria estar aos berros e a fazer as suas birras.
Normal, não a culpo por isso pois está na idade disso. Mas fiquei com a cabeça feita em água e nestes momentos fico a duvidar se sou mesmo boa mãe ou se tenho capacidade para tratar dela sozinha. Neste momento estou sozinha com a Lara 24h, o John não está em casa e naqueles momentos em que era ele que tentava acalmar a Lara agora tenho que ser eu a fazê-lo.
O John sempre me ajudou e sempre dei muito valor a isso e agora ainda mais se nota. Não é fácil cuidar de um bebé que está naqueles dias sozinha, mas no fim do dia notamos que afinal até conseguimos.
Nestes momentos sinto um misto de sentimentos, tanto desejo que ela fique um bocado com os avós como logo a seguir não a quero ter longe de mim. Tanto estou sem paciência como no segundo a seguir estou a brincar para ela sorrir.
A realidade é que ser mãe e pai não é fácil mas este amor que existe ajuda a ultrapassar tudo e quando ela está a dormir o silêncio que estávamos a precisar torna-se muito recompensador.
Não há medo de admitir que por vezes sentimos que necessitamos do nosso espaço porque é normal o mais importante são as atitudes e mesmo que estejamos a necessitar desse espaço primeiro cuidamos deles e só no fim aproveitamos nós nem que sejam apenas 10 minutos.
Sim sinto-me esgotada mas não consigo estar longe da Lara nem um minuto...

Imagem retirada de. https://www.google.com/search?biw=1366&bih=606&tbm=isch&sa=1&ei=mP2WW4PlLdG2adO0qZgL&q=relax+in+home+white+and+black&oq=relax+in+home+white+and+black&gs_l=img.3...3246.7654.0.7852.13.13.0.0.0.0.86.910.13.13.0....0...1c.1.64.img..0.0.0....0.KbU88_tSAOo#imgrc=KZo_G71ixCBuwM:

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Primeira sopa


Estava ansiosa para a primeira sopa da Lara. Estava curiosa para saber como ela iria reagir, se iria gostar. Eu sou sempre muito positiva e pensei que iria correr tudo super bem visto que a Lara tinha um apetite até grande.
Então chegou o dia dela começar a sopinha e a primeira fiz a base: batata e cenoura.
Pois bem, não correu assim tão bem, ela não aceitou muito bem a colher e aquela nova textura. Mas sendo a primeira nós demos um desconto e como é óbvio tivemos que complementar com leitinho. O segundo dia foi um pouco melhor, já comeu mais não chorou e nós pensámos que iria ser sempre assim.
No dia seguinte foi chorar até se cansar. Estávamos a desesperar. Então a médica aconselhou a meter batata doce à base.
Assim foi e melhorou bastante, ela comia super bem. De seguida começámos a acrescentar legumes e aos poucos voltou ao mesmo.
E neste momento que ela já come sopa com 5 legumes e carne é sempre uma ginástica para lhe dar.
Entre brincadeiras, TV ligada e chupeta fico cansada só na hora da sopa.
A Lara chora, a Lara fecha a boca, a Lara cospe, ufa que ginástica tenho que fazer.
Agora, como ela gosta da fruta, temos que lhe dar tudo misturado pois só assim ela come, vai se lá entender a rapariga.
Acho que não era assim que imaginava a Lara a comer, pensava mesmo que ela iria delirar e comia tudo sem grande esforço, apenas as coisas normais de meter a mão na sopa, o cuspir isso era o normal para mim.
Descubro aos poucos que temos que seguir as manias deles e que nada é perfeito como mostram as outras pessoas.
Sim a Lara esgota-me na hora da sopa mas ser mãe é mesmo isso é ir à reserva da paciência buscar um bocadinho quando esta acaba.
E ser mãe também é perceber o quanto é importante não ceder às manias deles. Apesar das tentativas da Lara não comer acaba sempre por comer a sopa toda, no fundo acredito que um dia vai comer a sopa toda sem birras...

Imagem retirada de: https://www.e-konomista.pt/artigo/sopas-para-bebe/

domingo, 9 de setembro de 2018

Filho vs Sexo



 Existem vários tipos de sexo: o sexo enquanto se namora, o sexo enquanto se é casado e o sexo enquanto se tem filhos. Cada um com os seus níveis de apetite.
Confesso que no período de tentarmos engravidar o meu apetite sexual não era muito, o que é estranho certo? Comigo toda a dificuldade que estávamos a ter para ter um filho mexeu com o meu psicológico e quando a mente não está em condições tudo o resto é influenciado.
Quando a Lara nasceu houve poucos momentos sexuais na nossa vida. Por mais desejo que sentisse pelo John a minha cabeça estava muito longe.Depois a Lara vem para casa e começa uma adaptação e mais uma vez o sexo fica em segundo plano.
Apesar de ser da opinião que sexo não é o mais importante numa relação sei perfeitamente que faz falta.
Mas ao fim de se ter criado uma rotina, de estarmos habituados a viver todos na mesma casa o meu apetite sexual voltou. E voltou de uma forma que já nem me lembrava.
Não é fácil com um bebé, é verdade. Mas conseguimos sempre matar os nossos desejos. Aproveitar sempre que a Lara está a dormir.
Penso que todo o meu apetite voltou porque me sinto completa, finalmente conseguimos ter a nossa filha ao nosso lado. Uma vida concretizada ajuda bastante todos esses campos.
Reforço que nem sempre é fácil e por vezes a nossa Lara é malandra e estraga o clima todo mas temos que aprender a andar nesta nova onda.
Para finalizar, o sexo não é o mais importante numa relação mas também é necessário, não se esqueçam...


Imagem retirada de: https://www.buzzfeed.com/asiawmclain/sexo-sem-filhos-vs-sexo-com-filhos

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Os sonhos têm validade?



 Por várias vezes que já ouvi a celebre frase de "agora tens uma filha não podes isto ou aquilo."
A ideia de um filho nascer e os sonhos acabarem ou de deixarmos de fazer o que gostamos já lá vai. Sim é verdade que um filho muda muito a nossa vida mas não significa que temos que mudar ou deixar de fazer as nossas coisas.
Um filho nasce mas os sonhos não morrem. Para certas pessoas os sonhos têm data de validade. Mas porquê?
Também oiço muito de "tens quase 30 anos tens que te orientar porque depois já não se faz nada da vida, chegasse aos 50 e já não se consegue nada". Quando oiço isto fico logo com cara de WTF.
A vida é para ser vivida enquanto somos vivos e não há idade para se sonhar e principalmente para se viver. Faz-me crescer uma certa revolta quando nos tentam influenciar para que a vida só pode ser aproveitada enquanto somos jovens. Eu não concordo nem quero se quer aceitar que não posso continuar a sonhar e a fazer aquilo que gosto.
Sei que os sonhos serão diferentes, dependendo da idade mas não se deixa de viver ou sonhar.
Vivemos a vida diferente, consoante a idade, as vivências e em vez de pensarmos a 2 passamos a pensar a 3 ou a 4.
Não nos pudemos deixar influenciar por estes pensamentos tão antiquados.
Estou tão cansada destas mentalidades que decidi que, definitivamente, irei viver a minha vida à nossa maneira e esquecer as opiniões dos outros.
Há sempre altura para mudarmos e essas mudanças trazem uma energia mais positiva e confiante. Com as mudanças pudemos viver a vida tal e qual como sonhamos...


Imagem retirada de: https://www.pinterest.com/pin/570901690237450216/

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

13 anos de amor



O tempo passa e passa sem darmos conta. Quando vivemos algo tão bom não notamos o tempo a passar, parece que o tempo congela.
No nosso caso sinto isso mesmo, nem acredito que já fizemos 13 anos que estamos juntos, é muito tempo, mas esse muito tempo foi e continua a ser o mais maravilhoso da minha vida.
À 13 anos escolhi-te por tudo o que eras comigo, escolhi-te por seres diferente mas um diferente bom. Eras um misto de "bad boy" e um romântico. Conseguis-te me dar tudo o que eu precisava naquele momento da minha vida. Destes-me atenção quando mais ninguém me dava, ouvias-me quando mais ninguém o queria fazer, fazias-me rir quando me apetecia chorar. Não desistis-te de mim quando eu te dizia que te queria apenas como amigo. Foste o melhor amigo e o melhor namorado.
À 13 anos quando te disse que aceitava namorar contigo soube que eras o rapaz que iria ficar comigo para sempre, que irias te tornar o meu marido e o pai dos meus filhos. Sabia que não irias mudar ao fim de te sentires seguro. Naquele momento soube que o nosso amor era para sempre e que iria aguentar tudo o que se metesse no nosso caminho.
Soube que iríamos estar um para o outro. Foi mesmo isso que aconteceu e que continua a acontecer. Estamos sempre ao lado um do outro para nos apoiarmos e darmos forças quando estas desaparecem.
A nossa vida tem sido cheia de altos e baixos, têm sido de alegrias e também de desilusões. Tem sido de sonhos concretizados e outros que ficaram por concretizar. Tem sido cheia de derrotas e de vitórias. Não desistimos facilmente daquilo que queremos e defendemos os nossos ideias.
Neste momento tornamo-nos ainda mais fortes pois temos uma pequenina que temos que proteger deste mundo sombrio.
Ao fim destes anos todos continuo apaixonada por ti, é uma paixão diferente mas posso chamar de paixão. Continuo a achar-te um "bad boy" romântico, um menino com um coração bondoso e por vezes bom de mais. Continuas a ser o meu melhor amigo e o melhor marido.
Por muito que as pessoas tentem denegrir a tua imagem, mostrar um John que não existe não conseguem me fazer mudar de idias porque ninguém te conhece como eu te conheço.
Só te peço para nunca duvidares de ti mesmo, continua sempre a ser aquilo que és porque és um ser maravilhoso, com o teu  feitio mas bom.
É maravilhoso partilhar a vida contigo e a vida não acabou apenas acabou de começar pois agora estamos completos e pudemos construir o nosso mundo com os nossos sonhos.
Amo-te para sempre meu querido John...

domingo, 12 de agosto de 2018

O nosso Suricata e a nossa Lara...



Quando temos um animal de estimação e quando engravidamos o nosso receio é sempre de como ele irá reagir a este novo ser que vem para casa.
No nosso caso não foi assim muito diferente, estávamos bastantes receosos visto que o nosso Suricata é muito ciumento e está habituado a ter todas as atenções para ele.
Mesmo assim quando descobrimos que a Lara já estava na minha barriguinha começámos a fazer apresentações ao Suricata, dizendo que ali dentro estava a Lara e que ela ia ser a sua nova dona.
Inicialmente ele não ligava nenhuma mas com o tempo ele já começava a ter outro tipo de carinho com a barriga.
No dia em que a Lara nasceu começou uma nova fase para ele e pensando que não os animais têm sentimentos e percebem tudo o que acontece ao seu redor.
Ele notou que alguma coisa não ia bem quando a dona não voltou para casa.
Depois habituou-se ao facto de a dona vir só a casa ao fim de semana. E aos poucos, eu e o John, reparámos que ele ficava muito tempo a cheirar-nos, a questão que colocávamos era se ele percebia que aquele cheiro era o da Lara ou se apenas era um cheiro novo.
Neste tempo todo de internamento, continuámos a explicar ao Suricata que um dia a Lara vinha para casa e que ele tinha que cuidar dela.
O dia de virmos para casa chega e nós estávamos bastantes receosos, e se ele fica ciumento? Como vamos dar a volta à situação?
Pois bem, colocámos o ovinho no chão e dissemos que aquela era a Lara e não é que o nosso Suricata ficou todo feliz e não parava de cheirar a Lara?
Ficámos super felizes e essencialmente aliviados.
Agora a Lara não pode chorar que ele é o primeiro a ir lá e depois vem a correr para nos avisar. Quando temos visitas ele fica chateado e quer sempre ver o que se passa e o que estão a fazer à Lara.
Contudo e porque ele foi um cão exemplar continuamos a dar-lhe todo o amor e carinho que ele estava habituado e sempre que ele se porta bem ao lado da Lara damos uma recompensa.
Em forma de conclusão, posso afirmar que os animais de estimação podem nos surpreender muito. O segredo é nunca deixar de lhes dar aquilo que tinham antes dos bebés chegarem. Como disse os animais têm sentimentos e eles não podem nem devem se sentir trocados.
Eles serão sempre os nossos melhores amigos e o Suricata irá ser o melhor amigo e protector da Lara...

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A família é...

Sempre me disseram que família eram as pessoas do nosso sangue. Essas pessoas iriam estar e deviam estar sempre disponíveis para ajudar e apoiar. Sempre acreditei que não haveria melhores pessoas para nos proteger e para nós pedirmos ajuda.
No entanto, como cresci e aprendi a ver a vida com outros olhos, apercebi-me que família é algo muito mais complexo e não são apenas as pessoas que são do nosso sangue. Inicialmente, nos primeiros anos das nossas vidas sim, mas com o avançar da idade isso muda.
Vamos alargando a nossa família e muitas vezes apercebemo-nos que nem sempre as pessoas que sempre definimos como família estão no nosso lado.
Apercebi-me que a sociedade é tão imperfeita e nessa sociedade estão incluídas os nossos familiares. Fui vendo que a minha personalidade é tão diferente dessas pessoas que a relação iria ser apenas cordial.
Quando comecei a namorar decidi que a minha família iria ser muito maior pois uma relação também é isso, é aceitar a família do companheiro como sendo tua e assim fiz. Com isto reparei que as pessoas com quem cresci não aceitavam a minha nova forma de viver ou melhor a nova família que tinha acabado de adoptar. Começaram a julgar e a criticar mas à nossa frente estavam muito felizes e aceitavam muito bem a nossa relação.
É impossível viver assim, eu pelo menos não consigo. Se eu não gosto não consigo disfarçar mas tudo isto me ajudou a abrir mais a minha mente.
Fui muito bem recebida na família do John e por isso o meu carinho e amor que ainda sinto. Se somos perfeitos? Não, pois cada um de nós tem as suas personalidades mas aceitamo-nos uns aos outros.
Reparei que muitas vezes as pessoas de fora, como por exemplo amigos, conseguem nos proporcionar um ambiente familiar que as outras pessoas dita família não conseguem.
Então apercebi-me que pudemos ter vários tipos de familiares: os de sangue, os adoptados e os amigos. E cada um é responsável de criar uma relação saudável. Não discrimino nenhuma das minhas famílias mas confesso que há pessoas que me conquistam mais do que outras e posso dizer que são mais as pessoas que não são do meu sangue do que as pessoas com quem cresci.
Não nos pudemos esquecer que ao fim de estarmos casados ou união de facto, criamos a nossa própria família e essa é a nossa família principal, a que nos temos que preocupar. As outras só têm que aceitar a nossa forma de viver e acompanhar a nossa felicidade. Nem sempre se consegue mas vale a pena ver o esforço.
Estou muito feliz com a família que criei e não me arrependo de nada. Estou satisfeita com a família que adoptei (a do John) e com os nossos amigos.
Nem toda a gente compreende isso e por isso sou um pouco acusada de me esquecer da minha "verdadeira família". Eu não me esqueço das minhas origens mas cada um é responsável pelas suas atitudes e eu só estou com quem me sinto bem. Se isso magoa? Pode magoar mas estou cansada de agradar aos outros e quando chega a parte dos outros me agradarem a mim isso não acontece.
Se me derem amor, carinho e compreensão vou-me sentir feliz e terei muita vontade de partilhar momentos com essas pessoas, caso contrário quanto menos tempo passarmos melhor.
Para mim, família resume-se a isto... 

Imagem retirada de: https://www.amazon.es/Familia-escritura-estilo-familia-pegatinas/dp/B00IH46FGE

sábado, 4 de agosto de 2018

Limpeza...

Desde que fiquei grávida mudei um pouco e com essa mudança decidi que não quero na minha vida pessoas tóxicas.
Não esperava ter que tomar uma decisão destas tão depressa ou melhor com a pessoa que foi. Mas nós não prevemos o futuro.
Já sabia de muita coisa que essa pessoa, chamada pai, falava e pensava. Mas tanto eu como o John sempre fingimos que de nada sabíamos para tentar criar uma relação visto que agora tínhamos a Lara. Mas depois nós começamos a nos perguntar se era este tipo de pessoa que queríamos ao lado da nossa filha. O que essa pessoa poderia ensinar de bom a ela visto que as atitudes dele são à base da falsidade e hipocrisia?
O certo é que mesmo não a querendo ao lado da nossa filha não criámos nenhum impedimento até ao dia que tudo desaba. Óbvio que não irei contar pormenores mas tudo começou com uma preocupação minha para com o meu pai. Não foi nada para criar uma discussão mas o meu pai viu como uma provocação ou melhor como uma ofensa ao seu orgulho. Para ele ninguém lhe pode aconselhar de nada e muito menos a sua filha mais nova que ainda é uma criança. E porque fui eu me preocupar com alguem tão sábio e que sabe tudo, é quase um Deus da actualidade.
Daí começaram a surgir umas ameaças, umas indirectas ao meu marido. Não podia calar, à algum tempo que decidi que isso não voltava a acontecer, não posso mostrar à minha filha que temos que engolir tudo e mais alguma coisa e falarmos sempre com as pessoas que nos ofendem mesmo que estas sejam família.
O certo é que eu não consigo admitir que falem mal do meu marido porque a partir do momento em que o ofendem e faltam ao respeito é como se o fizessem a mim ao mesmo tempo. Quando ele começa a dizer que o John basicamente não vale nada e que tem muitas razões para isso e não me dá nem uma a coisa começa a ferver.
Naquele momento decidi que ele não iria ter mais uma relação de avô com a Lara e de pai comigo. Temos que ser realistas e admitir que é impossível criar uma relação com alguém que não aceita o pai da nossa filha. Com que cara o íamos aceitar em nossa casa ao fim das coisas que já sabíamos qu ele dizia e das coisas que disse agora?
Não somos falsos nem hipócritas como ele foi connosco este tempo todo.
No fundo pensei que ao fazer este ultimato de ou ele me explicava as suas razões ou então era a ultima conversa ele iria perceber que errou e iríamos chegar a um consenso mas o certo é que pelo contrário. Como ele disse, fizesse eu o que fizesse era para o lado que dormia melhor. Ora bem ao fim de ouvir tal coisa do meu pai não poderia tomar outra decisão a não ser expulsá-lo da minha vida. Se o orgulho é mais importante que a sua filha não me tenho que calar e ouvir.
Ali vi a importância que eu e a Lara temos para ele. Quando a decisão foi directa e definitiva ainda ouvi mais coisas que me deixaram em choque uma delas foi "tu vais sofrer". Vejo isso como um desejo dele e não posso aceitar que o meu próprio pai me deseje sofrimento.
Tudo isto mostra que nem sempre a família é a mais importante e que agora que temos uma filha que por muito tempo vai ser um ser inocente temos que pensar muito bem com quem queremos que ela conviva.
Neste momento tirei uma pessoa tóxica da minha vida e da minha família. Não há volta a dar pois este senhor que diz ser meu pai já não é a primeira vez que me faz uma cena destas. Já dei as oportunidades suficientes para ele mudar as suas atitudes e ao fim destes anos todos as atitudes são as mesmas.
E se isto foi o começo estou preparada para fazer uma limpeza à minha vida...

Imagem retirada de: https://astrologymemes.com/t/toxic?since=1476661035%2C2855483%2C1.000000

terça-feira, 31 de julho de 2018

As visitas...


Sermos pais de prematuros muda-nos bastante ou melhor temos que nos adaptar a uma realidade que não foi aquele que sonhámos. 
Como já disse várias vezes, cada prematuro é um caso e não existem dois casos iguais podem sim existir casos idênticos por isso e por muito mais são bebés tão especiais.
Mas em regra geral as visitas são muito diferentes de quando se tem um bebé de termo. As visitas de um prematuro são mais rígidas e controladas.
Se todos os pais fazem? Não sei. Se eu fiz? Com toda a certeza que cumpri à regra e até um bocadinho mais. Depois deste processo todo o que nós queremos é que a nossa filha continue a evoluir bem sem qualquer complicação e se as visitas podem trazer complicações como é óbvio vou evitar.
Eu e o papá decidimos que no primeiro mês dela estar em casa não havia visitas de ninguém. Primeiro para ela se adaptar bem ao novo ambiente menos protegido e para se criar um lar agradável sem muita movimentação.
Depois começámos a aceitar os avós mas visitas rápidas, tipo hospital. Passadas umas semanas já deixávamos por mais tempo e já podiam vir avós, tios desde que cumprissem as nossas regras.
Visto que a Lara levou as suas vacinas mais tarde se estivessem doentes ou em contacto com alguém doente não podiam vir. E com crianças também não podia estar por isso neste momento a prima e os tios da Lara ainda não a conheceram.
Como temos dúvidas iremos perguntar se neste momento com as vacinas que a Lara tem se já é seguro ter visitas de crianças.
Podemos estar a exagerar ou sermos muito protectores mas apesar da guerreira que a Lara mostrou ser não queremos que ela fique doente apenas por ter uma visita que é algo desnecessário.
Neste momento já começámos a ir a locais públicos com ela.
E as pessoas podem nos questionar da seguinte forma: mas se vocês saem com a Lara para sítios públicos e mesmo para hospitais porque não aceitam ainda muitas visitas e principalmente de outras crianças? Por uma simples razão, quando saímos ninguém pega na Lara nem entram em contacto com ela, apenas nós. E há certos vírus com apenas com contacto é que se transmite. Neste momento achamos que já é seguro mas não queremos tomar essa decisão sem perguntar à médica da Lara.
Ter um prematuro não é fácil de as outras pessoas compreenderem. E muitas vezes sentimos mesmo isso, sentimos que as outras pessoas pensam que isto tudo são apenas desculpas. Não isto não são apenas desculpas, é a nossa maneira de proteger a nossa filha tal e qual como nos disseram.
Acho que tudo tem que ter uma evolução progressiva para não ser também um choque para a Lara, ou seja, dela passar de visita nenhuma para ter montes de pessoas à volta dela.
Outra coisa que exigimos bastante nas visitas (estas não são por ela ser prematura) é que seja respeitado o horário de sono e de refeição dela. Quando está a dormir não se a acorda, e quando é para comer tem que haver um ambiente relaxante e que seja o mais idêntico ao que está habituada.
É como digo, não é uma regra a cumprir, nem todos os pais o fazem mas os pais que decidem fazer as pessoas só têm que respeitar e aceitar sem julgar.
Os prematuros sim são valentes mas não nos podemos esquecer que ainda há coisas neles que são ainda frágeis...

Imagem retirada de. http://www.jornalenfermeiro.pt/actualidade/item/1420-congresso-nacional-de-prematuridade-conta-com-olhar-da-enfermagem.html

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Hora de dormir...


Adormecer um bebé por vezes é uma tarefa bastante complicada.
Com a Lara ao início era mesmo complicado. Até ela se adaptar à casa, às rotinas da casa foi difícil.
Tentamos com músicas que tinham som da natureza não resultou. E o nosso problemas não foi apenas como adormecê-la mas também onde dormir.
Por algum tempo ela dormiu no "cocoonababy" que é um tipo de ninho (vou deixar imagem no fim do tópico). Este artigo foi bastante bom pois a Lara sentia-se bastante aconchegada e a nós dávamos uma certa segurança.
 Depois teve uma fase que apenas dormia umas horas lá e o resto do tempo era no colo. É muito perigoso eu sei mas não dava de outra maneira. Se não nem ela dormia nem os papás. Depois destas tentativas todas tentámos a alcofa e ela aceitou bem e até agora é onde ela dorme. Próxima fase será ir para a cama dela.
Para a adormecer utilizamos muito a técnica da música e a música é a que a mamã e o papá ouvem normalmente. Quando a música não resulta lá temos nós que a embalar um bocado na alcofa.
Acho que o momento de adormecer os nossos filhos é sempre por tentativa - erro. Não há volta a dar, eles têm os seus dias e nós temos que seguir as necessidades deles.
Por vezes temos que a adormecer no colo em primeiro e outras vezes cantar para ela.
Há dias que basta ouvir as conversas dos papás ou ter a televisão ligada.
Ao fim disto tudo a minha conclusão é: não importa onde dorme, como adormece, importante é que se consiga meter a Lara a dormir para crescer e para os papás também descansar.
Mas confesso que há dias que uma pessoa fica maluca, são aqueles dias em que nada resulta só mesmo esperar que ela se canse e não tenha mais forças para lutar contra o sono.
Dica do dia: O importante não são as teorias que lemos o importante é fazermos algo que relaxe os nossos filhos e que consecutivamente durmam...

"cocoonababy": Imagem retirada de: https://www.jojomamanbebe.co.uk/red-castle-cocoonababy-nest-b1090.html












Imagem retirada de: https://www.youtube.com/watch?v=BPZaMSKHS_E

sábado, 21 de julho de 2018

Dia a dia com um bebé...


O meu dia a dia com a Lara é basicamente igual e se calhar idêntico a muitas mamãs.
As minhas tarefas diárias são as seguintes:
1.: Dou leitinho de 3 em 3 horas à Lara, o que significa que as minhas noites ainda são feitas de pequenas sestas. Confesso que adoro dormir mas com a Lara descobri que afinal também aguento não dormindo as horas seguidas. Como ainda dou leite materno faço uma gestão em que coloco leite a descongelar e divido as 8 refeições. Neste momento estou a utilizar o leite mais antigo e a congelar o que tiro.
2.: Nas horas das refeições também é hora de trocar as fraldas sujas e entre refeições também. Aqui em casa utilizo algodão e água morna para a muda de fralda visto que a Lara tem uma pela sensível. Também nos aconselharam a utilizar apenas as toalhitas nas saídas e é isso mesmo que faço. Ao fim de lavarmos secamos bem e assim tentamos evitar as assaduras. Em termos de creme de muda de fralda utilizamos uma pasta de água e só quando ela fica assada utilizamos um creme à base de zinco.
3.: O mais chato do dia é mesmo a esterilização dos biberões. Por dia esterilizo umas 2 a 3 vezes. Aconselho bastante a terem um esterilizador de microondas pois dá bastante jeito. Eu utilizo e em 6 minutos estão prontos.
4.: A tarefa mais complicada durante o dia: tirar leite. Tirar leite neste momento é quase impossível tirar de 3 em 3 horas. Estou a tirar em média 3 a 4 vezes. Neste momento ainda vai chegando mas já começa a acabar. Tirar leite é raro para quem tem bebés, normalmente vão à maminha ou bebem artificial. Mas para as mamãs que estão numa situação como a minha aconselho a tentarem mesmo de 3 em 3 horas pois quanto mais diminuirmos as tiradas de leite menos produzimos.
5.: Lavar a roupa da miúda que é uma babosa. A Lara ainda bolsa um bocadinho e por isso suja bastante roupa, babetes e fraldas de pano. Até tenho medo quando forem as sopas eheh vai ser uma desgraça.
6.: Hora do banho. Neste momento a Lara já gosta e torna-se mais simples. Aqui em casa optamos por dar banho dia sim dia não e sempre à noite. Tem resultado a relaxar e ela adormece mais fácil nos dias do banho.
7.: Tratar das tarefas de casa.É a última coisa com que nos devemos preocupar. Diariamente apenas me preocupo com as refeições e a loiça. Tudo o resto faço quando tiver tempo. Neste momento o importante não é termos a casa sempre limpinha para recebermos visitas mas sim estar limpa o suficiente para nos sentirmos bem e essencialmente aproveitar o tempo com os nossos pequenotes que passa tão rápido.
Basicamente este é o meu dia a dia, por vezes sinto-me exausta e quase penso que não sou capaz de aguentar. Mas depois olho para a Lara a Lara dá-me um sorriso grande e eu aí digo que era isto que faltava para nos alegrar a vida.
Última dica: sempre que possam durmam com os vossos filhotes sempre é melhor para diminuir o nosso cansaço.
Aproveitem este tempo e acima de tudo a prioridade é sempre o bebé e o marido, a casa é a última coisa com que nos devemos preocupar...

Imagem retirada de: https://favim.com/image/260625/

quarta-feira, 18 de julho de 2018

A vida de um prematuro...


Será que ter um prematuro difere muito de um bebé de termo? Bem numa coisa é completamente diferente: nas consultas. Sei que nem todos os prematuros são iguais e nem todos necessitam de tantas consultas como a Lara. Mas cada um fala da sua experiência e no meu caso nós temos uma agenda bem cheia. A Lara nasceu apenas com 24 semanas e 6 dias e por isso a necessidade de tantas consultas.
Todas estas consultas são bastantes importantes pois nestas consultas pode ser detectado alguma coisa que não estiver bem e assim podemos "corrigir" de imediato. Por exemplo, o desenvolvimento destes bebés é muito focado nas consultas pois devido à prematuridade pode haver algumas complicações.
No nosso caso a Lara está a ir muito bem e não nos temos que preocupar. Confesso que muitas vezes fico cansada e farta de andar sempre em hospitais mas sei que é tudo para o bem da nossa filhota e por isso arranjamos força e paciência.
Visto que a Lara está a ter uma evolução bastante boa as consultas já estão a diminuir o que é óptimo tanto para nós como para ela.
Para além das consultas temos a quantidade de suplementos que a Lara trouxe para casa. O normal são apenas as vitaminas mas a Lara ainda trouxe outros suplementos que a ajudavam a nível respiratório essencialmente. Neste momento já reduziu as quantidades das tomas e é muito mais fácil para nos orientarmos. No entanto e porque a cabeça não dá para tudo, desde o inicio que optei por ter do genero de um horário onde tenho lá marcado todos os suplementos que ela deve tomar nas horas certas e com as quantidades. Facilita bastante pois num dia em que estamos mais cansadas e a nossa memória não chega para tudo é só olhar e pronto.
Por fim temos um assunto que pode parecer complicado ao inicio mas depois torna-se fácil. A idade da Lara é contada de modo diferente. Os prematuros têm duas idades, a idade real e a idade corrigida. A idade real é a idade desde que ela nasceu e a idade corrigida é a partir do dia em que devia nascer. Porque temos que contar estas duas idades? Pois o desenvolvimento da Lara é visto a partir da idade corrigida e não da idade real. De uma forma simples. O tempo que ela esteve internada contamos como se ela ainda estivesse dentro da barriga e por isso o desenvolvimento dela é visto por aí. Depois a partir do dia em que  ela devia nascer começamos a ver o desenvolvimento como nos bebés de termo. Parece confuso e ao inicio é, mas com o tempo uma pessoa habitua-se.
Para todos os que têm prematuros não podemos comparar com os bebés de termo. Cada um de nós tem um bebé e devemos aprender com ele e não com os outros...

Imagem retirada de: https://www.pinterest.co.uk/pin/554224297871687069/

domingo, 15 de julho de 2018

Saudades tuas avó...




Olá avó!

A minha vida deu uma volta tão grande e por momentos senti necessidade de olhar para ti, para o teu olhar doce que me transmitia segurança e carinho.
Apesar de não estares aqui sei que estives-te sempre ao nosso lado. Acredito que tu sejas o anjo da guarda que ajudou a Lara nesta caminhada tão longa. Sei que estives-te lá para lhe dar força e para nunca desistir de lutar e viver, tal como tu fizes-te.
Fazes-me muita falta sabias? Sinto que só tu me compreendias e me apoiavas em tudo o que fazia. Sinto que apenas tu tinhas um coração puro  para perceberes que nada do que fazia era maldade ou má vontade.
Tenho mudado bastante ao longo dos tempos e espero que não te desiludas pelo que me estou a tornar, principalmente em relação à nossa família. Apenas quero que compreendas que para mim as atitudes deles não são aceitáveis e não vão ao encontro dos meus valores.
Tenho a Lara neste momento e não quero nada que ela sinta o que eu senti durante a minha adolescência. A minha infância foi feliz graças a ti e ao avô. Vocês sempre me deram tudo o que eu precisei, atenção e amor.
Agradeço-te imenso todos os bons momentos que me proporcionas-te e tudo o que me ensinas-te.
Não posso esconder que sempre quis ser como tu, nem que fosse apenas um bocadinho. Tu eras a pessoa mais dócil e mais bondosa que eu conheci. Tu não julgavas as pessoas e nem te interessava a vida delas.
Em relação a nós família tu nunca des-te a tua opinião apenas querias que fossemos felizes e por isso aceitas-te tão bem o meu John e todas as decisões que tomamos na nossa vida.
Sim avó sou distante e neste momento porque assim desejo. Necessito de paz e sossego, preciso mostrar à Lara o que realmente é a família e gostava muito que ela te conhecesse porque me irias ajudar muito nesse campo.
Sei que estás com ela e tu sabes o quanto te amo e as saudades que sinto.
Quero que sejas feliz e quando chegar o momento certo irei te abraçar.
Obrigada por tudo que fizes -te por mim no passado e agora.

Amo-te avó Maria.

Da tua neta com imensas saudades...

Imagem retirada de: https://www.google.pt/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fpre00.deviantart.net%2F7539%2Fth%2Fpre%2Ff%2F2012%2F025%2F6%2F5%2Ftu_me_manques_by_ginartila-d4njnck.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fginartila.deviantart.com%2Fart%2Ftu-me-manques-281412596&docid=AK_jvynHTBCHxM&tbnid=zv3GkkaMGkNVoM%3A&vet=10ahUKEwiunMiakY_cAhVEJ1AKHVPbC8IQMwg7KAkwCQ..i&w=734&h=1089&bih=662&biw=1366&q=tu%20me%20manques&ved=0ahUKEwiunMiakY_cAhVEJ1AKHVPbC8IQMwg7KAkwCQ&iact=mrc&uact=8

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Leite materno na maminha ou no biberão?


Hoje em dia fala-se muito na amamentação e a sua importância. Na neonatalogia estavam sempre a incentivar a isso. Concordo e acho uma iniciativa muito boa. No entanto acho que cada caso é um caso e cada bebé é um bebé. E na minha opinião as mães é que têm que decidir a forma como pretendem alimentar os seus filhos.
No meu caso tive que estimular desde cedo a maminha com a máquina pois era bastante importante o leite materno. O leite materno é importante para todos os bebés mas para os prematuros é essencial pois pode evitar bastantes problemas nomeadamente nos intestinos.
E nunca me importei muito de ser à máquina, o meu objectivo sempre foi garantir que nunca faltava leite à Lara. Mas como é óbvio desejava o dia em que seria a Lara a estimular e não uma máquina. Em contrapartida comecei a habituar-me à ideia de conseguir ver a quantidade que tirava e quando fosse a Lara não iria saber o que ela bebia. Mas não desisti sem experimentar e realmente a sensação é única. Aquele momento torna-se nosso. Mas no meu caso sentia-me insegura e nunca estava confiante de que a Lara bebia o suficiente. O stress aumentou e senti que já não produzia a mesma quantidade de leite. Mas no serviço onde estávamos eles "obrigavam" a ser à mama e se ela não fosse à mama iriam atrasar ainda mais a nossa ida para casa. Então eu insistia e continuava aquele processo. Mas quando vim para casa tudo mudou. A Lara ficava irrequieta, passada uma hora de comer já pedia de novo. Eu estava a começar a ficar cansada e stressada até que meti de lado toda a teoria que me deram sobre a amamentação e tirei leite de máquina e dei de biberão à Lara. E não é que ela dormiu e sossegou?
E pergunto-me se dar leite materno de biberão não se pode considerar amamentar? Ao fim ao cabo tu continuas a dar o teu leite com a diferença que ela não o tira directamente.
Eu senti-me muito mais calma com a certeza que a minha filha não ficava com fome. Neste momento a Lara continua a beber leite materno mas em biberão. Já não tenho a mesma quantidade mas tenho a suficiente para ela.
Temos muito mais trabalho e eu particularmente não consigo estimular como devia. Ninguém disse que era fácil, mas enquanto der não me preocupo.
Isto tudo para dizer que a forma como os bebés são alimentados deveria ser uma escolha exclusiva da mãe pois uma mãe stressada não dá resultado. E não se sintam mal se decidirem algo diferente do que vos dizem, lembrem-se que uma mãe stressada cria um bebé stressado. Uma mãe calma cria um bebé relaxado...

Imagem retirada de: https://vivasaude.digisa.com.br/familia/dicas-para-melhorar-a-amamentacao/2577/

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Quando notamos que algo não está bem...



Ser mãe mudou muito o nível da minha paciência perante muitas coisas da vida. Enquanto que antes, mesmo que não quisesse fazer uma coisa, tinha paciência para fazer apenas para não ter que ouvir críticas, neste momento a minha paciência é nula e estou a sentir que a minha boa vontade está a desaparecer. É óbvio que me refiro à minha família.
Estou cansada de fazer esforços quando mais ninguém os faz.
A família não são apenas os de sangue. Sinto mais ambiente familiar com pessoas de fora que com as do meu sangue.
Sinto que eu, o meu marido e a minha filha somos aqueles restos que de vez enquando se lembram que estamos aqui. Muita coisa se passou desde que a Lara nasceu e uma delas foi nunca me dizerem que a Lara era linda ou fofa. Apenas começaram a olhar para a Lara como neta quando atingiu um determinado peso e quando eu discuti esse assunto. Não acho normal nem se quer gostei. Sim a Lara era pequenina e magra mas não era isso que tirava a beleza dela e todas as pessoas viam isso menos os meus pais. Por isso e por muito mais sinto vontade de cortar relações ou ter pouco contacto com eles. Estou a errar ao dizer isso? Aceito que me critiquem por isso mas a realidade é mesmo essa eu não tenho vontade de estar na companhia deles e só de ouvir as vozes fico irritada.
Por várias vezes digo nos meus posts que devemos fazer o que nos deixa felizes sem pensar no que os outros pensam. Mas neste assunto algo não me deixa avançar para a minha real vontade.
Mas será que vou aguentar muito tempo com falsidades e hipocrisias?
Veremos o amanhã...

Imagem retirada de: http://escrevermpc.blogspot.com/2014/08/uma-questao-de-paciencia.html

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Chegámos a casa...


Chegou o momento de irmos para casa. A ansiedade é imensa e naquele momento passa-se muita coisa ao mesmo tempo, ouvir todas as recomendações que nos dão e o coração a bater forte por irmos finalmente juntar a família.
Confesso que pensava que seria fácil, que tinha aprendido a maior parte das coisas para ser uma mãe que a Lara necessitava mas na primeira noite apercebi-me que afinal não estava pronta para aquilo. Cheguei a duvidar das minhas capacidades e senti-me a pior mãe do mundo quando tive que pedir ao papá da Lara para ficar às noites com ela para eu conseguir descansar.
O certo, e não utilizando isso como desculpa, eu vinha bastante desgastada da Neonatologia, como disse a minha estadia não foi fácil, nunca dormia em condições porque não conseguia confiar, e isso notou-se quando chegámos a casa.
Mas tirando isso a realidade é mesmo essa nunca estamos preparados para tal mudança pois a mudança tem que ser feita aos poucos. Entre a mudança está a criação de uma rotina. Isto tudo é novo para nós mas para a Lara ainda mais. Desde que nasceu ela estava habituada a apitos, barulho, vozes a falar durante a noite, bebés a chorar. Chega a casa e à noite a única coisa que ouve é o silêncio. Por isso todo este processo é um processo em conjunto. Temos que nos adaptar e criar rotinas que sejam boas para o bebé e para nós. Criar o nosso espaço que tanto desejamos.
Neste processo aprendi a respeitar os gostos da minha filha quando me diziam que não podia ser pois ficava mal habituada. Nada disso, se o bebé gosta temos que o fazer. Se a minha Lara gosta de adormecer no colo não o vou fazer porquê? Isso deixa-a mais relaxada e a mim enche-me o coração. Se ela não gosta da cama dela mas sim da alcofa vou obrigá-la a dormir na cama? Nem pensar nisso, assim nem ela dorme nem nós dormimos. Tudo vai ao seu tempo e as coisas vão se compondo. Cada família adapta-se àquilo que faz um ambiente calmo e relaxado.
Neste momento temos a nossa rotina criada e tudo corre pelo melhor. E agora Anne é tudo bom? Nunca é um mar de rosa sempre, naqueles dias em que ela está rabugenta por tudo e por nada é difícil, o nosso cansaço e a nossa paciência quase se esgota mas depois voltamos a nós e ajudamos a que se acalme.
Nunca é fácil mas com calma e paciência tudo se consegue.
Moral da historia: nunca ninguém está preparada para ter um bebé em casa mas isso não signifique que não somos bons pais e que não amamos os nossos filhos. E é normal perdermos a paciência de vez enquanto e acho que daqui para a frente ainda vai ser pior mas com o tempo vamos aprendendo as coisas...

terça-feira, 3 de julho de 2018

Saí da UCIN para a Neonatologia...


Ao início queremos que a nossa estadia na UCIN seja rápida mas ao fim de 3 meses isso muda.
Em 3 meses uma pessoa ganha confiança e amigos. Em 3 meses ganhamos esperança que ali seja o último lugar antes de irmos para casa. Mas o dia de irmos para o hospital de residência chega e aí percebemos o quão a rotina se tornou um vício. E de repente entramos num espaço novo e enorme e sentimos falta daquilo que tinhamos. Sentimos falta do calor humano principalmente. Para mim foi muito doloroso mais do que imaginei. Pensei que estar perto de casa ajudaria a ultrapassar esta última fase mas afinal não. O ter que ir e vir todos os dias estava a deixar-me cansada e estando cansada não conseguia ter a força que me caracterizou durante 3 meses num sítio muito mais doloroso.
Senti que estava a desiludir toda a gente que teve orgulho em mim e essencialmente que estava a falhar com a minha filha.
Ao fim de 2 dias tive que mudar e então decidi viver novamente no hospital. Na verdade o cansaço não foi a única razão, a falta de confiança na equipa foi o que mais influenciou a minha ida para o hospital. Não conseguia dormir descansada mesmo quando estava no hospital. Na minha opinião a equipa nestes ambientes é muito importante e se não nos acolhem como deve ser não dá para termos confiança.
O sentimento de não ser bem vinda foi o que mais prevaleceu e o sentimento de ser julgada mesmo antes de me conhecerem foi enorme. Este lugar, apesar de menos intenso, necessita de um certo carinho e atenção pois é o lugar onde vamos passar mais algum tempo com os nossos bebés. E não havia carinho nem amor naquele lugar. Aquele lugar era um posto de trabalho e por momentos parecia que estava numa linha de montagem em que os procedimentos eram sempre iguais e não havia um momento para acarinhar os bebés. Isso chocou-me bem como a indiferença com que tratam as mães. Não pensavam como nos sentimos. E nós mães que viemos da UCIN? Viam-nos como aquelas mães que pensam que sabem tudo, aquelas que opinam e fazem perguntas difíceis. Somos aquelas mães que não engolimos tudo o que nos dizem.
E no fim disto só conseguem criar em nós um sentimento de indiferença e uma ansiedade imensa de sair dali e não voltar nem por uma visita.
Foi o pior mês nesta caminhada. Sentia cada dia as forças a desaparecer o que vale é que o dia da alta chegou na hora certa e esse dia soube muito bem.
Não é fácil a transição mas temos que olhar para os nossos pequenos e manter a nossa força e nunca duvidar das nossas capacidades como mães...

Imagem retirada de: http://prematuridade.com/index.php/noticias-mod/saude-do-prematuro-41

sábado, 30 de junho de 2018

Conseguimos ser mães numa UCIN?


A UCIN é um mundo muito complexo e muita coisa se passa e se sente naquele lugar. 
Para além dos medos, para além do percurso dos nossos filhos, para além das outras mães e dos profissionais há a questão de: conseguimos ser mães ali?
Eu consegui ser mãe da Lara enquanto que ela esteve internada mas foi diferente de tudo o que desejei mas não foi menos bom. 
Nós somos mães dos nossos bebés a diferença é que temos que aceitar que num período de tempo temos que pedir autorização para sermos mães. Pode parecer muito forte esta afirmação mas a  realidade é mesmo essa e temos que aceitar isso sem levarmos isso para o lado negativo da coisa.
É verdade que chega a um momento que nos custa imenso ter que pedir a alguém para cuidar do nosso filho, e nesses momentos o que nos vem à cabeça é que eles ainda não são verdadeiramente nossos. É mau?
Não o posso dizer dessa forma, eu vi todo esse procedimento como algo de bom para a Lara. Tudo o que tinha que abdicar, todos os momentos em que dizia "Já posso tratar da Lara" como se ela não fosse minha era para o bem dela. Aceitei que a tinha que a dividir com os "tios" e as "tias" e na verdade no primeiro mês a Lara foi mais deles do que minha. Mas eles davam à Lara aquilo que ela precisava em termos de cuidados e eu completava com o meu amor e apoio.
Este lugar é um lugar que se tem que trabalhar em equipa e não dá para querer ser mãe logo quando eles chegam. Há todo um processo de adaptação e temos que sentir isso como mais uma aprendizagem. Nós aprendemos tanta coisa boa ao termos que pedir para sermos mães. Porque quando temos que pedir para ser mãe do nosso filho naquela determinada hora, aquela hora vai ser aproveitada tão bem, coisa que não conseguiríamos fazer se fossemos mães a toda a hora.
Como já falei num destes dias, na UCIN aprendi a amar de outra forma bem como aprendi que há tanta forma de ser mãe.
Para quem foi mãe de um bebé que passou pela UCIN ou Neonatologia, vocês não foram menos mães por não poderem fazer tudo o que queriam, vocês foram as mães certas naquele momento, fomos mães de forma diferente mas fomos as mães que eles precisaram.
Há regras que temos que cumprir nestes lugares mas não são as regras que nos impedem de acarinhar e amar os nossos filhos...

Imagem retirada de. https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=2ahUKEwi6ybDx-PTbAhVLbhQKHUfZC0sQjhx6BAgBEAM&url=http%3A%2F%2Fviveramarfazervalerapena.blogspot.com%2F2013%2F10%2Ftrabalho-de-parto-prematuro-com-26.html&psig=AOvVaw1QvZBJ7upBm1Gmk7FZV29Q&ust=1530226657815227

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O ambiente na UCIN




O ambiente numa Ucin é difícil de se explicar. É um lugar intenso, onde tudo pode acontecer mas não é um sítio onde só coisas más acontecem.
Na Ucin passamos também momentos bons a começar por todas as vitórias dos nossos filhos.
E fora o percurso dos nossos filhos aquele ambiente pesado permite-nos criar amizades. Tanto com enfermeiros mas principalmente com as outras mães.
Entramos centradas no nosso filho mas com o passar do tempo os filhos das outras mães também são importantes.
Começamos a partilhar a dor, o medo e a alegria de cada avanço.
E não há ninguém que perceba melhor o que estamos a passar que aquelas mães que estão no mesmo sítio que nós.
E saimos dali com saudades das outras mães e falamos para saber como vai cada guerreiro ao fim de sair daquele lugar que o protegeu por tanto tempo.
Nunca pensei em sair de uma UCIN com amizades mas a verdade é que saí e cada mamã que me marcou o coração é especial.
A UCIN é o lugar que cuida dos nossos filhos e é o lugar em que partilhamos tudo o que nos vai na alma.
Obrigada a cada mamã que lutou todos os dias para estarem fortes com os seus bebés e obrigada por cada sorriso e cada conversa partilhada...

Imagem retirada de: https://www.pensador.com/frase/Nzk20Dg1

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Como se ama um prematuro...



Para amar alguém não basta apenas dizer, temos que sentir e retribuir com gestos. E por isso amar é um verbo muito complexo
Confesso que nunca liguei muito à complexidade do verbo amar e o que se pode fazer para demonstrar o nosso amor.
Até a Lara nascer para mim amar era simples. Bastava um abraço, um beijinho, uma palavra, compreensão, respeito e companhia. E se uma pessoa não abraçasse ou não beijasse para mim não amava a outra.
Mas a vida é um ensinamento e estamos a aprender todos os dias. Ser mãe de uma prematura ensinou-me muita coisa, ensinou-me que não se pode desistir, devemos sempre continuar a lutar por aquilo que acreditamos e essencialmente ensinou-me a amar.
Sim no tempo de estadia na UCIN aprendi a amar e foi a minha pequenina que me ensinou. Aprendi a amar a minha filha de uma forma que não era aquela que imaginava.
Não a pude abraçar nem beijar logo quando ela nasceu e por isso tive que reaprender a amar. E sabem como eu demonstrava o meu amor? Eu amava a minha filha no momento em que lhe fazia companhia todos os dias, no momento em que eu dizia que iria ficar tudo bem. Amava a Lara no momento em que lhe dizia como ela era forte e como estávamos orgulhosos dela. Amava a minha filha quando ficava feliz com uma vitória, amava a minha filha quando a elogiava mesmo quando ela dava um passo atrás. Amava a minha filha quando aceitava que tudo o que ela fazia já era bom, mesmo que fosse lentamente.
Amava a minha filha quando ficava apenas a olhar para ela para poder descansar. Amava a minha filha quando lhe lia uma história ou quando cantava uma canção. Amava a Lara quando lhe desejava bom dia e boa noite. E principalmente amava a minha filha quando respeitava o tempo dela.
Não minto que a minha vontade era ter amado a minha filha logo com beijinhos e abraços mas neste processo o que importa é o ritmo deles e não as nossas vontades e os nossos desejos.
Tudo o que desejamos fica em segundo plano. Mesmo quando já havia uma certa segurança para um beijinho eu não o fiz pois naquele momento sabia que não era um beijinho que iria fazer a diferença da forma como amava a Lara e ela sabia.
Não era por isso que éramos umas mães menos afectuosas. Pelo contrário éramos mães à nossa maneira e que amávamos os nossos filhos à nossa maneira.
A forma como vemos a vida e como sentimos as coisas muda completamente quando se entra nesta realidade da prematuridade. Somos melhores mães por isso? Para os nossos filhos sim, mas cada uma tem a sua luta e cada mãe vive a realidade que tem.
A nossa realidade é avançar no ritmo deles e se tivermos que nos adaptar para o bem estar dos nossos filhos fazemos.
Ser mãe de uma prematura mostrou-me tanta coisa que pensava saber e que ainda me faltava descobrir.
Amem por completo, e lembrem-se amar não é apenas abraços e beijinhos...

sábado, 2 de junho de 2018

O que muda...


Muitas pessoas não têm noção do que é ter uma filha internada, não é apenas tê-la ali numa caixinha protegida. A partir do momento em que a nossa filha entra naquele lugar tudo o que era normal, todas as nossas rotinas têm que mudar obrigatoriamente. E uma dessas grandes mudanças é deixar o nosso espaço para acompanhar o desenvolvimento dela. A partir desse dia passamos a viver num hospital para podermos estar ao lado dos nossos filhos. E não é fácil deixar as nossas coisas e começar este processo.A nossa casa é o nosso refúgio, o nosso porto de abrigo. É o espaço onde podemos recarregar energias e relaxar. Quando vivemos num hospital vivemos num sítio que não é nosso e que quando tem que ser nosso é por pouco tempo. Mas quando se tem uma grande prematura sabemos que essa estadia será longa e sabemos que vamos ter que nos habituar ao momento de solidão. Não conseguimos estar 24h com os nossos filhos infelizmente não somos de ferro.
Quando estamos com os nossos filhos estamos bem e até nos esquecemos um pouco o lugar onde estamos pois estamos junto à nossa família, a um pedaço de nós. Mas quando isso acaba o que nós temos?
Temos um espaço que não é o nosso, temos um quarto cheio de nada.
Nesses momentos sentimos que o nosso marido nos faz falta. Sentimos que no momento em que saímos do lado dos nossos filhos era hora de ir para o lado do que é nosso.
E mesmo sentindo que era hora de ir para a nossa casa porque este lugar não é nosso temos que fazer com que o quarto vazio seja o nosso refúgio.
Trazemos um objecto de casa que nos faça esquecer que estamos num quarto de hospital.
Faz com que  a vontade de ir sentir o que é nosso seja grande. Tudo se torna complexo porque ir ao fim de semana também só é possivel graças à confiança que ganhamos à equipa.
Mas o certo é que com o  tempo aquele espaço vazio começa a ser um refúgio, onde relaxamos quando os dias são mais duros.
E todo este esforço é feito pelo tempo necessário. Fazemos tudo isto por eles porque eles merecem tudo, porque se eles lutaram e lutam para vencer na vida nós também temos que nos esforçar e isto comparado com a luta que eles têm é um grão de areia num deserto...

Imagem retirada de: https://www.docsopinion.com/2017/08/13/loneliness-social-isolation/

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Como chegamos ao toque...


O toque é associado a algo espontâneo, algo que podemos fazer quando desejamos e quando temos uma filha o que desejamos é tocar e senti-la junto a nós. Mas quando se tem uma filha com 24 semanas e 6 dias esse toque tem que esperar.
A ansiedade é imensa e cada dia que passa aumenta. Sendo assim pequenina o toque é demorado. Ou pelo menos a nossa coragem para tal demora a chegar.
Não queremos que nada aconteça e o maior medo nesta fase é transmitir bactérias para eles. Então adiamos e enquanto esperamos a coragem chegar apenas contemplamos os nossos filhos através das janelinhas da incubadora.
E depois só o facto de podermos tapar a incubadora  com um pano para a luz não a incomodar já é uma alegria. Sentimos que mesmo separados por uma caixinha podemos fazer alguma coisa por ela.
Depois vem a fase do primeiro toque, aquele toque suave e com medo. Aquele toque só com a pontinha do dedo. Mas mesmo assim é uma vitória e uma alegria ao fazê-lo. Finalmente sentimos como é quentinha a pele da nossa filha e como é tão fofinha. E assim começamos a aumentar o amor já criado entre papás e filha.
O passo seguinte é medir temperatura e tensão. A primeira vez é com medo e com receio de a magoar. Mas notamos que ela não é assim tão frágil como parece e até tem bastante força.
E quando temos coragem para mudar a primeira fralda aí sim percebemos o que é medo a sério. Então se for o primeiro filho e sem experiência em mudar mais receio se tem. Mas depois da primeira vem a segunda e a terceira e começamos a ter menos medo e  já se faz com mais facilidade. E ao fim de um tempo já fazemos tudo sem medos e sem receios. E aí sentimos que finalmente podemos ajudar nos cuidados da nossa filha.
Mas o que os papás mais desejam é sentir o calor dos filhos no nosso peito. Aquele momento que nos foi tirado à nascença. É o momento chamado: canguru. Aquele método maravilhoso em que nos colocam os nossos filhos no nosso peito e ficamos pele com pele. Nem sempre é quando desejamos e o principal é respeitar e aceitar o tempo que eles necessitam. Mas quando chega o momento é maravilhoso. Ao fim de um mês e meio de espera aquelas duas horas tornaram-se as melhores horas das nossas vidas. São aquelas horas em que fazíamos parar o tempo só para prolongar aquele toque tão desejado. São as mais maravilhosas e também as mais rápidas horas.
E toda esta evolução do toque só é possível graças aos tios e tias da UCIN. Sem eles nada disto seria possível. São eles que nos ensinam e nos incentivam. São eles que nos dizem o quanto bom é para eles os papás participarem e que não é assim tão difícil.
Obrigado tios e tias por me terem dado a confiança e a coragem para tocar na minha filha...

terça-feira, 29 de maio de 2018

Bem vinda à UCIN...

Agora estamos na nossa nova casa que se chama UCIN.
O nome é assustador mas quando entramos e vemos os nossos filhos bem não dá para continuar a achar a UCIN assustadora.
Aceitamos o facto da nossa filhota estar  numa caixinha quentinha chamada incubadora.
E aos poucos conhecemos todos os enfermeiros e enfermeiras, todos os médicos e médicas, todas as auxiliares. E todas estas pessoas passam rapidamente a fazer parte da nossa vida. Fazem parte da família e todos têm um lugarzinho especial no nosso coração.
Ficamos a conhecer a unidade tão bem e começamos a perceber que a nossa filha não é a única.
Começa assim um processo de aprendizagem. Aprendemos essencialmente a esperar, a seguir o ritmo dos bebés.
Aprendemos que nem todos os apitos são maus e nem sempre é preocupante.
Aprendemos tudo o que é necessário fazer para os nossos filhos estarem bem. Ficamos a saber como é importante  uma aspiração que tanto detestam. Como uma picada é necessária e importante.
E todo esse ambiente passa a ser normal. Já não nos faz confusão estar a contemplar os nossos filhos e uma máquina apitar.
Eu aceitei tudo com normalidade que até  me sinto em casa. Pode parecer estranho mas depois de tanto tempo aceito a situação. Percebi que este lugar é tão importante para a minha filha que tive que o aceitar.
Se queremos o melhor deles porque não havemos de aceitar este lugar?
Com o tempo de convivência percebemos o quão importante são os enfermeiros. Como é importante confiar a 100% nos profissionais que estão com os nossos filhos. Esse é um passo muito importante pois só assim conseguimos dormir descansadas ou ir visitar a nossa casa e a nossa família.
E porquê duvidar de pessoas que abdicam da sua própria família para cuidar da nossa? Dou muito valor a isso. Depois vemos o carinho, o cuidado e atenção que os "tios" dão aos bebés.
Como continuam a ter paciência ao fim de tanta hora e tantos turnos com os mesmos apitos.
Apesar de serem apitos irritantes eles continuam lá a olhar pelos nossos filhos. Eles continuam a olhar por eles mesmo quando tudo está calmo. Não será isso amor? 
Na minha modesta opinião e sendo uma opinião de uma simples observadora, estes tios e tias têm um amor pelos bebés e como não podemos valorizar estes profissionais? São pessoas com um coração enorme. 
No coração de cada um há sempre um espaço para cada bebé da unidade.


Imagem retirada de: https://www.facebook.com/pages/UCIN-MBB/932199596899520

domingo, 27 de maio de 2018

Momento da verdade...


Quando desejamos ser mães imaginamos sempre o maravilhoso que é. Imaginamos que durante 40 semanas vamos vivenciar momentos incríveis e vamos criar e construir um amor com o nosso bebé logo de início. E depois das 40 semanas vamos ter um recém nascido a chorar em casa.
Quando engravidamos pensamos que conhecemos a realidade de ser mãe mas há momentos que nos levam a conhecer novas realidades.
E esse momento chega quando, de repente mesmo estando tudo bem, a nossa filha resolve vir ao mundo com 24 semanas e 6 dias.
E no momento em que nos dizem que ela vai nascer nascem ao mesmo tempo medos e dúvidas. As primeiras horas de vida são as piores pois não sentimos os nossos filhos, por ser tão pequenina dizem-nos que é muito difícil e por momentos deixamos de acreditar que é possível sobreviver com 24 semanas e 6 dias. E com isso tudo vem as dúvidas do futuro. Como funciona o processo, para onde vai, como é viver o dia a dia da nossa filha prematura.
Mas nós mães, apesar de tudo pelo que passamos, temos que reconhecer os maridos e pais que estão ao nosso lado. São eles que vivem os primeiros momentos da nova realidade. São eles os primeiros a verem onde os nossos filhos vão ficar. São eles que vêem como os nossos filhos são pequeninos e como parecem tão frágeis. E depois de verem tudo isso vêm com todo o carinho contar-nos para o choque não ser tão grande. São eles que nos dizem como são lindos os nossos filhos apesar de pequeninos. São eles que trazem aquele postal tão especial que a UCIN (Unidade Cuidados Intensivos Neonatal) dá para nos lembrar o quanto os bebés necessitam de nós.
E depois de tudo isso são os papás que acompanham as mamãs para conhecer a nova casa da nossa família.
E a primeira coisa importante a fazer é aceitar toda a situação e olharmos para os nossos bebés e acreditar. Aceitarmos que a UCIN vai ser a nossa segunda casa.
E naquele momento começa uma nova etapa...

Imagem retirada de: http://www.qcosas.com/enfermera-ucin-bebes/

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Um Natal diferente...


O Natal de 2017 foi um Natal muito diferente e que jamais será esquecido.
Um Natal que marcou as nossas vidas para sempre. 
No dia 25 de Dezembro a Lara decidiu vir ao mundo com apenas 24 semanas e 6 dias. Fui ainda no dia 24 para o hospital após a ceia com contracções com intervalos de 5 segundos. Cheguei com 7cm de dilatação.
Inicialmente não queria acreditar que aquelas dores fossem de verdade, pensava que fosse um mau jeito ou pelo facto de estar sempre sentada. Já tinha tido um dor daquelas no início da tarde mas como passou logo, depois da ceia pensava que seria o mesmo, que iria passar. Confesso que sabia que alguma coisa não estava bem mas o medo do que me poderiam dizer no hospital fez com que aguentasse até ter contracções com pouco tempo de intervalo. Na minha cabeça não poderia ser nada bom aqueles sintomas. E realmente não foi bom por um lado mas por outro sim. E quando me observaram não me diziam nada a não ser que tínhamos que ir fazer eco e que teriam que pedir opinião ao colega. Pensei logo que poderia estar tudo a acontecer de novo. Foram momentos de angustia e ainda por mais na minha zona de residência o hospital não está preparado para receber um grande prematuro como a Lara e ainda tentaram me transferir para Coimbra. Uns diziam que não dava pois já tinha muitos centímetros de dilatação. Mas a médica insistia. O que vale é que enquanto discutiam se ia ou não fiquei com a dilatação completa e passado um tempo a Lara nasceu de parto normal. Não tive tempo de levar nada para as dores e apesar dela pesar apenas 600g doeu bastante, por momentos pensei que não iria aguentar, mas o que nós não aguentamos por eles?
Foi tudo um choque, foi tudo uma incerteza pois a forma como nos falavam era mesmo esse sentimento de incerteza que nos transmitiam. Mas ali começou uma grande luta e a Lara lutou tão bem...
Conseguiram estabilizar a Lara. Depois desta batalha, sim porque para um bebé de 24 semanas e 6 dias respirar sozinha é uma luta enorme. Ela só foi entubada quando o INEM chegou. Depois disso veio o perigo da viagem que era longa e ela poderia não aguentar. Mas sabem que mais? Naquele dia nasceu uma guerreira, uma lutadora. Ela agarrou-se à vida e lutou com todas as forças que tinha e venceu. Venceu as primeiras batalhas as que toda a gente pensava que não iria conseguir.
E agora começa uma nova fase, uma fase diferente e desconhecida, que fomos conhecendo aos poucos. E o que eu pensava que seria um momento doloroso foi um momento maravilhoso. Ainda por cima ouvi a nossa filhota a chorar. 

Começou ali uma batalha a três: da Lara, do papá e da mamã...

Imagem retirada de: https://openclipart.org/collection/collection-detail/MagnaL/12878