terça-feira, 31 de julho de 2018

As visitas...


Sermos pais de prematuros muda-nos bastante ou melhor temos que nos adaptar a uma realidade que não foi aquele que sonhámos. 
Como já disse várias vezes, cada prematuro é um caso e não existem dois casos iguais podem sim existir casos idênticos por isso e por muito mais são bebés tão especiais.
Mas em regra geral as visitas são muito diferentes de quando se tem um bebé de termo. As visitas de um prematuro são mais rígidas e controladas.
Se todos os pais fazem? Não sei. Se eu fiz? Com toda a certeza que cumpri à regra e até um bocadinho mais. Depois deste processo todo o que nós queremos é que a nossa filha continue a evoluir bem sem qualquer complicação e se as visitas podem trazer complicações como é óbvio vou evitar.
Eu e o papá decidimos que no primeiro mês dela estar em casa não havia visitas de ninguém. Primeiro para ela se adaptar bem ao novo ambiente menos protegido e para se criar um lar agradável sem muita movimentação.
Depois começámos a aceitar os avós mas visitas rápidas, tipo hospital. Passadas umas semanas já deixávamos por mais tempo e já podiam vir avós, tios desde que cumprissem as nossas regras.
Visto que a Lara levou as suas vacinas mais tarde se estivessem doentes ou em contacto com alguém doente não podiam vir. E com crianças também não podia estar por isso neste momento a prima e os tios da Lara ainda não a conheceram.
Como temos dúvidas iremos perguntar se neste momento com as vacinas que a Lara tem se já é seguro ter visitas de crianças.
Podemos estar a exagerar ou sermos muito protectores mas apesar da guerreira que a Lara mostrou ser não queremos que ela fique doente apenas por ter uma visita que é algo desnecessário.
Neste momento já começámos a ir a locais públicos com ela.
E as pessoas podem nos questionar da seguinte forma: mas se vocês saem com a Lara para sítios públicos e mesmo para hospitais porque não aceitam ainda muitas visitas e principalmente de outras crianças? Por uma simples razão, quando saímos ninguém pega na Lara nem entram em contacto com ela, apenas nós. E há certos vírus com apenas com contacto é que se transmite. Neste momento achamos que já é seguro mas não queremos tomar essa decisão sem perguntar à médica da Lara.
Ter um prematuro não é fácil de as outras pessoas compreenderem. E muitas vezes sentimos mesmo isso, sentimos que as outras pessoas pensam que isto tudo são apenas desculpas. Não isto não são apenas desculpas, é a nossa maneira de proteger a nossa filha tal e qual como nos disseram.
Acho que tudo tem que ter uma evolução progressiva para não ser também um choque para a Lara, ou seja, dela passar de visita nenhuma para ter montes de pessoas à volta dela.
Outra coisa que exigimos bastante nas visitas (estas não são por ela ser prematura) é que seja respeitado o horário de sono e de refeição dela. Quando está a dormir não se a acorda, e quando é para comer tem que haver um ambiente relaxante e que seja o mais idêntico ao que está habituada.
É como digo, não é uma regra a cumprir, nem todos os pais o fazem mas os pais que decidem fazer as pessoas só têm que respeitar e aceitar sem julgar.
Os prematuros sim são valentes mas não nos podemos esquecer que ainda há coisas neles que são ainda frágeis...

Imagem retirada de. http://www.jornalenfermeiro.pt/actualidade/item/1420-congresso-nacional-de-prematuridade-conta-com-olhar-da-enfermagem.html

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Hora de dormir...


Adormecer um bebé por vezes é uma tarefa bastante complicada.
Com a Lara ao início era mesmo complicado. Até ela se adaptar à casa, às rotinas da casa foi difícil.
Tentamos com músicas que tinham som da natureza não resultou. E o nosso problemas não foi apenas como adormecê-la mas também onde dormir.
Por algum tempo ela dormiu no "cocoonababy" que é um tipo de ninho (vou deixar imagem no fim do tópico). Este artigo foi bastante bom pois a Lara sentia-se bastante aconchegada e a nós dávamos uma certa segurança.
 Depois teve uma fase que apenas dormia umas horas lá e o resto do tempo era no colo. É muito perigoso eu sei mas não dava de outra maneira. Se não nem ela dormia nem os papás. Depois destas tentativas todas tentámos a alcofa e ela aceitou bem e até agora é onde ela dorme. Próxima fase será ir para a cama dela.
Para a adormecer utilizamos muito a técnica da música e a música é a que a mamã e o papá ouvem normalmente. Quando a música não resulta lá temos nós que a embalar um bocado na alcofa.
Acho que o momento de adormecer os nossos filhos é sempre por tentativa - erro. Não há volta a dar, eles têm os seus dias e nós temos que seguir as necessidades deles.
Por vezes temos que a adormecer no colo em primeiro e outras vezes cantar para ela.
Há dias que basta ouvir as conversas dos papás ou ter a televisão ligada.
Ao fim disto tudo a minha conclusão é: não importa onde dorme, como adormece, importante é que se consiga meter a Lara a dormir para crescer e para os papás também descansar.
Mas confesso que há dias que uma pessoa fica maluca, são aqueles dias em que nada resulta só mesmo esperar que ela se canse e não tenha mais forças para lutar contra o sono.
Dica do dia: O importante não são as teorias que lemos o importante é fazermos algo que relaxe os nossos filhos e que consecutivamente durmam...

"cocoonababy": Imagem retirada de: https://www.jojomamanbebe.co.uk/red-castle-cocoonababy-nest-b1090.html












Imagem retirada de: https://www.youtube.com/watch?v=BPZaMSKHS_E

sábado, 21 de julho de 2018

Dia a dia com um bebé...


O meu dia a dia com a Lara é basicamente igual e se calhar idêntico a muitas mamãs.
As minhas tarefas diárias são as seguintes:
1.: Dou leitinho de 3 em 3 horas à Lara, o que significa que as minhas noites ainda são feitas de pequenas sestas. Confesso que adoro dormir mas com a Lara descobri que afinal também aguento não dormindo as horas seguidas. Como ainda dou leite materno faço uma gestão em que coloco leite a descongelar e divido as 8 refeições. Neste momento estou a utilizar o leite mais antigo e a congelar o que tiro.
2.: Nas horas das refeições também é hora de trocar as fraldas sujas e entre refeições também. Aqui em casa utilizo algodão e água morna para a muda de fralda visto que a Lara tem uma pela sensível. Também nos aconselharam a utilizar apenas as toalhitas nas saídas e é isso mesmo que faço. Ao fim de lavarmos secamos bem e assim tentamos evitar as assaduras. Em termos de creme de muda de fralda utilizamos uma pasta de água e só quando ela fica assada utilizamos um creme à base de zinco.
3.: O mais chato do dia é mesmo a esterilização dos biberões. Por dia esterilizo umas 2 a 3 vezes. Aconselho bastante a terem um esterilizador de microondas pois dá bastante jeito. Eu utilizo e em 6 minutos estão prontos.
4.: A tarefa mais complicada durante o dia: tirar leite. Tirar leite neste momento é quase impossível tirar de 3 em 3 horas. Estou a tirar em média 3 a 4 vezes. Neste momento ainda vai chegando mas já começa a acabar. Tirar leite é raro para quem tem bebés, normalmente vão à maminha ou bebem artificial. Mas para as mamãs que estão numa situação como a minha aconselho a tentarem mesmo de 3 em 3 horas pois quanto mais diminuirmos as tiradas de leite menos produzimos.
5.: Lavar a roupa da miúda que é uma babosa. A Lara ainda bolsa um bocadinho e por isso suja bastante roupa, babetes e fraldas de pano. Até tenho medo quando forem as sopas eheh vai ser uma desgraça.
6.: Hora do banho. Neste momento a Lara já gosta e torna-se mais simples. Aqui em casa optamos por dar banho dia sim dia não e sempre à noite. Tem resultado a relaxar e ela adormece mais fácil nos dias do banho.
7.: Tratar das tarefas de casa.É a última coisa com que nos devemos preocupar. Diariamente apenas me preocupo com as refeições e a loiça. Tudo o resto faço quando tiver tempo. Neste momento o importante não é termos a casa sempre limpinha para recebermos visitas mas sim estar limpa o suficiente para nos sentirmos bem e essencialmente aproveitar o tempo com os nossos pequenotes que passa tão rápido.
Basicamente este é o meu dia a dia, por vezes sinto-me exausta e quase penso que não sou capaz de aguentar. Mas depois olho para a Lara a Lara dá-me um sorriso grande e eu aí digo que era isto que faltava para nos alegrar a vida.
Última dica: sempre que possam durmam com os vossos filhotes sempre é melhor para diminuir o nosso cansaço.
Aproveitem este tempo e acima de tudo a prioridade é sempre o bebé e o marido, a casa é a última coisa com que nos devemos preocupar...

Imagem retirada de: https://favim.com/image/260625/

quarta-feira, 18 de julho de 2018

A vida de um prematuro...


Será que ter um prematuro difere muito de um bebé de termo? Bem numa coisa é completamente diferente: nas consultas. Sei que nem todos os prematuros são iguais e nem todos necessitam de tantas consultas como a Lara. Mas cada um fala da sua experiência e no meu caso nós temos uma agenda bem cheia. A Lara nasceu apenas com 24 semanas e 6 dias e por isso a necessidade de tantas consultas.
Todas estas consultas são bastantes importantes pois nestas consultas pode ser detectado alguma coisa que não estiver bem e assim podemos "corrigir" de imediato. Por exemplo, o desenvolvimento destes bebés é muito focado nas consultas pois devido à prematuridade pode haver algumas complicações.
No nosso caso a Lara está a ir muito bem e não nos temos que preocupar. Confesso que muitas vezes fico cansada e farta de andar sempre em hospitais mas sei que é tudo para o bem da nossa filhota e por isso arranjamos força e paciência.
Visto que a Lara está a ter uma evolução bastante boa as consultas já estão a diminuir o que é óptimo tanto para nós como para ela.
Para além das consultas temos a quantidade de suplementos que a Lara trouxe para casa. O normal são apenas as vitaminas mas a Lara ainda trouxe outros suplementos que a ajudavam a nível respiratório essencialmente. Neste momento já reduziu as quantidades das tomas e é muito mais fácil para nos orientarmos. No entanto e porque a cabeça não dá para tudo, desde o inicio que optei por ter do genero de um horário onde tenho lá marcado todos os suplementos que ela deve tomar nas horas certas e com as quantidades. Facilita bastante pois num dia em que estamos mais cansadas e a nossa memória não chega para tudo é só olhar e pronto.
Por fim temos um assunto que pode parecer complicado ao inicio mas depois torna-se fácil. A idade da Lara é contada de modo diferente. Os prematuros têm duas idades, a idade real e a idade corrigida. A idade real é a idade desde que ela nasceu e a idade corrigida é a partir do dia em que devia nascer. Porque temos que contar estas duas idades? Pois o desenvolvimento da Lara é visto a partir da idade corrigida e não da idade real. De uma forma simples. O tempo que ela esteve internada contamos como se ela ainda estivesse dentro da barriga e por isso o desenvolvimento dela é visto por aí. Depois a partir do dia em que  ela devia nascer começamos a ver o desenvolvimento como nos bebés de termo. Parece confuso e ao inicio é, mas com o tempo uma pessoa habitua-se.
Para todos os que têm prematuros não podemos comparar com os bebés de termo. Cada um de nós tem um bebé e devemos aprender com ele e não com os outros...

Imagem retirada de: https://www.pinterest.co.uk/pin/554224297871687069/

domingo, 15 de julho de 2018

Saudades tuas avó...




Olá avó!

A minha vida deu uma volta tão grande e por momentos senti necessidade de olhar para ti, para o teu olhar doce que me transmitia segurança e carinho.
Apesar de não estares aqui sei que estives-te sempre ao nosso lado. Acredito que tu sejas o anjo da guarda que ajudou a Lara nesta caminhada tão longa. Sei que estives-te lá para lhe dar força e para nunca desistir de lutar e viver, tal como tu fizes-te.
Fazes-me muita falta sabias? Sinto que só tu me compreendias e me apoiavas em tudo o que fazia. Sinto que apenas tu tinhas um coração puro  para perceberes que nada do que fazia era maldade ou má vontade.
Tenho mudado bastante ao longo dos tempos e espero que não te desiludas pelo que me estou a tornar, principalmente em relação à nossa família. Apenas quero que compreendas que para mim as atitudes deles não são aceitáveis e não vão ao encontro dos meus valores.
Tenho a Lara neste momento e não quero nada que ela sinta o que eu senti durante a minha adolescência. A minha infância foi feliz graças a ti e ao avô. Vocês sempre me deram tudo o que eu precisei, atenção e amor.
Agradeço-te imenso todos os bons momentos que me proporcionas-te e tudo o que me ensinas-te.
Não posso esconder que sempre quis ser como tu, nem que fosse apenas um bocadinho. Tu eras a pessoa mais dócil e mais bondosa que eu conheci. Tu não julgavas as pessoas e nem te interessava a vida delas.
Em relação a nós família tu nunca des-te a tua opinião apenas querias que fossemos felizes e por isso aceitas-te tão bem o meu John e todas as decisões que tomamos na nossa vida.
Sim avó sou distante e neste momento porque assim desejo. Necessito de paz e sossego, preciso mostrar à Lara o que realmente é a família e gostava muito que ela te conhecesse porque me irias ajudar muito nesse campo.
Sei que estás com ela e tu sabes o quanto te amo e as saudades que sinto.
Quero que sejas feliz e quando chegar o momento certo irei te abraçar.
Obrigada por tudo que fizes -te por mim no passado e agora.

Amo-te avó Maria.

Da tua neta com imensas saudades...

Imagem retirada de: https://www.google.pt/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fpre00.deviantart.net%2F7539%2Fth%2Fpre%2Ff%2F2012%2F025%2F6%2F5%2Ftu_me_manques_by_ginartila-d4njnck.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fginartila.deviantart.com%2Fart%2Ftu-me-manques-281412596&docid=AK_jvynHTBCHxM&tbnid=zv3GkkaMGkNVoM%3A&vet=10ahUKEwiunMiakY_cAhVEJ1AKHVPbC8IQMwg7KAkwCQ..i&w=734&h=1089&bih=662&biw=1366&q=tu%20me%20manques&ved=0ahUKEwiunMiakY_cAhVEJ1AKHVPbC8IQMwg7KAkwCQ&iact=mrc&uact=8

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Leite materno na maminha ou no biberão?


Hoje em dia fala-se muito na amamentação e a sua importância. Na neonatalogia estavam sempre a incentivar a isso. Concordo e acho uma iniciativa muito boa. No entanto acho que cada caso é um caso e cada bebé é um bebé. E na minha opinião as mães é que têm que decidir a forma como pretendem alimentar os seus filhos.
No meu caso tive que estimular desde cedo a maminha com a máquina pois era bastante importante o leite materno. O leite materno é importante para todos os bebés mas para os prematuros é essencial pois pode evitar bastantes problemas nomeadamente nos intestinos.
E nunca me importei muito de ser à máquina, o meu objectivo sempre foi garantir que nunca faltava leite à Lara. Mas como é óbvio desejava o dia em que seria a Lara a estimular e não uma máquina. Em contrapartida comecei a habituar-me à ideia de conseguir ver a quantidade que tirava e quando fosse a Lara não iria saber o que ela bebia. Mas não desisti sem experimentar e realmente a sensação é única. Aquele momento torna-se nosso. Mas no meu caso sentia-me insegura e nunca estava confiante de que a Lara bebia o suficiente. O stress aumentou e senti que já não produzia a mesma quantidade de leite. Mas no serviço onde estávamos eles "obrigavam" a ser à mama e se ela não fosse à mama iriam atrasar ainda mais a nossa ida para casa. Então eu insistia e continuava aquele processo. Mas quando vim para casa tudo mudou. A Lara ficava irrequieta, passada uma hora de comer já pedia de novo. Eu estava a começar a ficar cansada e stressada até que meti de lado toda a teoria que me deram sobre a amamentação e tirei leite de máquina e dei de biberão à Lara. E não é que ela dormiu e sossegou?
E pergunto-me se dar leite materno de biberão não se pode considerar amamentar? Ao fim ao cabo tu continuas a dar o teu leite com a diferença que ela não o tira directamente.
Eu senti-me muito mais calma com a certeza que a minha filha não ficava com fome. Neste momento a Lara continua a beber leite materno mas em biberão. Já não tenho a mesma quantidade mas tenho a suficiente para ela.
Temos muito mais trabalho e eu particularmente não consigo estimular como devia. Ninguém disse que era fácil, mas enquanto der não me preocupo.
Isto tudo para dizer que a forma como os bebés são alimentados deveria ser uma escolha exclusiva da mãe pois uma mãe stressada não dá resultado. E não se sintam mal se decidirem algo diferente do que vos dizem, lembrem-se que uma mãe stressada cria um bebé stressado. Uma mãe calma cria um bebé relaxado...

Imagem retirada de: https://vivasaude.digisa.com.br/familia/dicas-para-melhorar-a-amamentacao/2577/

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Quando notamos que algo não está bem...



Ser mãe mudou muito o nível da minha paciência perante muitas coisas da vida. Enquanto que antes, mesmo que não quisesse fazer uma coisa, tinha paciência para fazer apenas para não ter que ouvir críticas, neste momento a minha paciência é nula e estou a sentir que a minha boa vontade está a desaparecer. É óbvio que me refiro à minha família.
Estou cansada de fazer esforços quando mais ninguém os faz.
A família não são apenas os de sangue. Sinto mais ambiente familiar com pessoas de fora que com as do meu sangue.
Sinto que eu, o meu marido e a minha filha somos aqueles restos que de vez enquando se lembram que estamos aqui. Muita coisa se passou desde que a Lara nasceu e uma delas foi nunca me dizerem que a Lara era linda ou fofa. Apenas começaram a olhar para a Lara como neta quando atingiu um determinado peso e quando eu discuti esse assunto. Não acho normal nem se quer gostei. Sim a Lara era pequenina e magra mas não era isso que tirava a beleza dela e todas as pessoas viam isso menos os meus pais. Por isso e por muito mais sinto vontade de cortar relações ou ter pouco contacto com eles. Estou a errar ao dizer isso? Aceito que me critiquem por isso mas a realidade é mesmo essa eu não tenho vontade de estar na companhia deles e só de ouvir as vozes fico irritada.
Por várias vezes digo nos meus posts que devemos fazer o que nos deixa felizes sem pensar no que os outros pensam. Mas neste assunto algo não me deixa avançar para a minha real vontade.
Mas será que vou aguentar muito tempo com falsidades e hipocrisias?
Veremos o amanhã...

Imagem retirada de: http://escrevermpc.blogspot.com/2014/08/uma-questao-de-paciencia.html

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Chegámos a casa...


Chegou o momento de irmos para casa. A ansiedade é imensa e naquele momento passa-se muita coisa ao mesmo tempo, ouvir todas as recomendações que nos dão e o coração a bater forte por irmos finalmente juntar a família.
Confesso que pensava que seria fácil, que tinha aprendido a maior parte das coisas para ser uma mãe que a Lara necessitava mas na primeira noite apercebi-me que afinal não estava pronta para aquilo. Cheguei a duvidar das minhas capacidades e senti-me a pior mãe do mundo quando tive que pedir ao papá da Lara para ficar às noites com ela para eu conseguir descansar.
O certo, e não utilizando isso como desculpa, eu vinha bastante desgastada da Neonatologia, como disse a minha estadia não foi fácil, nunca dormia em condições porque não conseguia confiar, e isso notou-se quando chegámos a casa.
Mas tirando isso a realidade é mesmo essa nunca estamos preparados para tal mudança pois a mudança tem que ser feita aos poucos. Entre a mudança está a criação de uma rotina. Isto tudo é novo para nós mas para a Lara ainda mais. Desde que nasceu ela estava habituada a apitos, barulho, vozes a falar durante a noite, bebés a chorar. Chega a casa e à noite a única coisa que ouve é o silêncio. Por isso todo este processo é um processo em conjunto. Temos que nos adaptar e criar rotinas que sejam boas para o bebé e para nós. Criar o nosso espaço que tanto desejamos.
Neste processo aprendi a respeitar os gostos da minha filha quando me diziam que não podia ser pois ficava mal habituada. Nada disso, se o bebé gosta temos que o fazer. Se a minha Lara gosta de adormecer no colo não o vou fazer porquê? Isso deixa-a mais relaxada e a mim enche-me o coração. Se ela não gosta da cama dela mas sim da alcofa vou obrigá-la a dormir na cama? Nem pensar nisso, assim nem ela dorme nem nós dormimos. Tudo vai ao seu tempo e as coisas vão se compondo. Cada família adapta-se àquilo que faz um ambiente calmo e relaxado.
Neste momento temos a nossa rotina criada e tudo corre pelo melhor. E agora Anne é tudo bom? Nunca é um mar de rosa sempre, naqueles dias em que ela está rabugenta por tudo e por nada é difícil, o nosso cansaço e a nossa paciência quase se esgota mas depois voltamos a nós e ajudamos a que se acalme.
Nunca é fácil mas com calma e paciência tudo se consegue.
Moral da historia: nunca ninguém está preparada para ter um bebé em casa mas isso não signifique que não somos bons pais e que não amamos os nossos filhos. E é normal perdermos a paciência de vez enquanto e acho que daqui para a frente ainda vai ser pior mas com o tempo vamos aprendendo as coisas...

terça-feira, 3 de julho de 2018

Saí da UCIN para a Neonatologia...


Ao início queremos que a nossa estadia na UCIN seja rápida mas ao fim de 3 meses isso muda.
Em 3 meses uma pessoa ganha confiança e amigos. Em 3 meses ganhamos esperança que ali seja o último lugar antes de irmos para casa. Mas o dia de irmos para o hospital de residência chega e aí percebemos o quão a rotina se tornou um vício. E de repente entramos num espaço novo e enorme e sentimos falta daquilo que tinhamos. Sentimos falta do calor humano principalmente. Para mim foi muito doloroso mais do que imaginei. Pensei que estar perto de casa ajudaria a ultrapassar esta última fase mas afinal não. O ter que ir e vir todos os dias estava a deixar-me cansada e estando cansada não conseguia ter a força que me caracterizou durante 3 meses num sítio muito mais doloroso.
Senti que estava a desiludir toda a gente que teve orgulho em mim e essencialmente que estava a falhar com a minha filha.
Ao fim de 2 dias tive que mudar e então decidi viver novamente no hospital. Na verdade o cansaço não foi a única razão, a falta de confiança na equipa foi o que mais influenciou a minha ida para o hospital. Não conseguia dormir descansada mesmo quando estava no hospital. Na minha opinião a equipa nestes ambientes é muito importante e se não nos acolhem como deve ser não dá para termos confiança.
O sentimento de não ser bem vinda foi o que mais prevaleceu e o sentimento de ser julgada mesmo antes de me conhecerem foi enorme. Este lugar, apesar de menos intenso, necessita de um certo carinho e atenção pois é o lugar onde vamos passar mais algum tempo com os nossos bebés. E não havia carinho nem amor naquele lugar. Aquele lugar era um posto de trabalho e por momentos parecia que estava numa linha de montagem em que os procedimentos eram sempre iguais e não havia um momento para acarinhar os bebés. Isso chocou-me bem como a indiferença com que tratam as mães. Não pensavam como nos sentimos. E nós mães que viemos da UCIN? Viam-nos como aquelas mães que pensam que sabem tudo, aquelas que opinam e fazem perguntas difíceis. Somos aquelas mães que não engolimos tudo o que nos dizem.
E no fim disto só conseguem criar em nós um sentimento de indiferença e uma ansiedade imensa de sair dali e não voltar nem por uma visita.
Foi o pior mês nesta caminhada. Sentia cada dia as forças a desaparecer o que vale é que o dia da alta chegou na hora certa e esse dia soube muito bem.
Não é fácil a transição mas temos que olhar para os nossos pequenos e manter a nossa força e nunca duvidar das nossas capacidades como mães...

Imagem retirada de: http://prematuridade.com/index.php/noticias-mod/saude-do-prematuro-41