terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O nosso amor visto pelos outros


Nós sabemos como é o nosso amor, como o partilhamos com a nossa cara metade. Sabemos o que sentimos em cada gesto, em cada brincadeira, em cada palavra.
Eu sei que eu e o John somos muito cúmplices e que tudo que fazemos e a forma como fazemos é algo genuíno e que nos faz bem.
Sei o que sinto por ele, sei o carinho, o amor que sinto a cada gesto e a cada palavra do John.
Tenho a sorte de ter um amor verdadeiro em que a base desse amor é a amizade, o respeito e a dedicação que temos um pelo outro.
Tenho a sorte de ter o homem que tenho ao meu lado e tudo que faço é com amor e é verdadeiro. Não fazemos nada a pensar no que os outros possam dizer ou pensar. Fazemos tudo a pensar em nós.
Mas à poucos dias eu fui com o John e com o meu sogro ao Hospital para o meu sogro fazer uns exames. Durante um exame em que não podíamos entrar com ele, eu e o John ficamos na sala de espera. Não sei dizer o que estávamos a fazer ao certo, só sei que tudo era o que fazemos normalmente. As nossas brincadeiras, os nossos olhares, o carinho que partilhámos era tudo o que para nós era normal.
Mas antes de irmos embora fomos surpreendidos por um senhor que estava também na sala. E ele esteve a observar tudo o que fazíamos. E o que ele disse deixou-nos orgulhosos.
Então ele disse-nos " peço desculpa mas tenho que vos dizer que tive a vê-los e fiquei maravilhado. É maravilhoso ver-vos. Eu estou casado à 25 anos e ainda não tinha visto um casal tão cúmplice como vocês. Parabéns! Fiquei mesmo contente por vos ver, vocês são tão carinhosos um com o outro. Olha muitas felicidades e continuem assim."
Fiquei surpresa por ser aquela a percepção que as outras pessoas têm de nós. Mas quando o amor é verdadeiro é transparente, eu acho.
Sejam felizes, aproveitem cada minuto com amor, respeito e carinho. Encontrem o amor verdadeiro e vivam da forma como desejarem...

Imagem retirada de: https://clipartfox.com/categories/view/bfd9e7f4e13760934b4810e6e72fde5003575e15/black-and-white-love-clipart.html

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A carta para a minha bebé


Chegou o momento de me despedir de ti minha pequenina. Tive medo de chegar a este momento, tive medo de te dizer adeus, tive medo de te esquecer. Mas hoje consigo ver que isso é impossível. É impossível esquecer um ser que trouxe só coisas boas nas nossas vidas. E o adeus não significa esquecer significa que ficarás sempre na nossa memória mas a mãe necessita de o fazer, faz parte do luto. Tu partis-te e quando alguém vai nós temos que dizer adeus.
Eras uma bebé de 189g, 189g foram suficientes para fazeres com que os pais começassem a amar-te, sim era amor o que sentíamos por ti minha bebé. Tu mudas-te o nosso mundo e por isso terás o teu lugar no nosso coração para sempre. Farás sempre parte da nossa vida.
Tu foste tão importante que vou sempre te amar. Quero que saibas que fizemos tudo o que pudemos para te manter viva, se pudéssemos  fazer mais faríamos .
Quero agradecer-te cada momento bom que nos proporcionaste e muito obrigado por me ensinares o quão importante é lutar e nunca desistir. Desculpa por, no início, ter desistido a pensar que já te tínhamos perdido. Mas mostras-te que vale a pena lutar e acreditar até o fim. Foi tão bom te ver lá no teu saquinho a bater esse coração forte. Obrigado por transmitires a tua força e garra. Obrigada por me ensinares a acreditar, a lutar e a ter esperança. Obrigado por me teres mostrado como é importante viver e aproveitar cada minuto da nossa vida.
Amei-te cada minuto que tiveste dentro de mim e não vou deixar de te amar nunca.
Obrigado por teres existido na nossa vida, independentemente do tempo.
Adeus minha menina reguila...

Imagem retirada de: https://mejorconsalud.com/4-razones-no-conformarse-en-relacion-de-pareja

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Nunca ficarmos pelo último degrau


O nosso estado de espírito é tão inconstante e eu não me tinha apercebido disso.
Eu andei muito bem até a uns dias. Estava contente por conseguir reagir assim e não estava à espera que fosse abaixo ou que me sentisse pior.
O certo é que tenho me sentido muito triste, apetece-me chorar a qualquer hora e principalmente porque estou sozinha. O John regressou à sua rotina e eu fiquei desprotegida.
Muitas vezes penso que isto não é normal e que estou a levar as coisas para pior. Mas por isso as sessões com a psicóloga me ajudan bastante.
Com ela percebo melhor o que se passa comigo e que tudo o que sinto é normal. Só não devo dar um peso mais negativo às coisas. Sim devo ver as coisas como elas são e não fugir da dor e enfrentar todos os medos, mágoas e saudades.
Estes dias o sentimento de culpa tem se apoderado de mim. Tenho me sentido culpada por não conseguir com que a minha bebé sobrevivesse dentro de mim, tenho me sentido menos mulher por isso. Ao falar com a psicóloga nós fizemos um exercício para mudar esse sentimento. Eu achei tão bom que partilho para quem achar útil. O exercício foi simples. Apenas tive que imaginar que estava com alguém que tivesse passado por um aborto. O que iria pensar dela? Iria achá-la menos mulher por não conseguir? Iria achar que ela foi a culpada? A resposta a essas perguntas são óbvias para mim pois não acho que seja culpada ou menos mulher. E então porque achamos isso de nós mesmas?
O segredo das coisas é vê-las noutra perspectiva e saberemos ultrapassar todos os nossos momentos maus.
Aprendi também que o nosso estado de espírito não é uma linha recta mas sim algo inconstante. Hoje subimos um degrau amanhã descemos o mesmo ou mais degraus mas nunca podemos desistir de subir, nunca podemos optar por ficar no degrau mais baixo sempre no degrau mais alto...

Imagem retirada de: http://emagreceremos.com/subir-e-descer-escadas-emagrece/

sábado, 25 de fevereiro de 2017

O tempo congelou


Nunca tive uma perceção do tempo como agora. Eu perdi a minha bebé à três semanas e parece que o tempo congelou mas tudo à nossa volta continuou no tempo normal.
Apenas agora tive essa sensação. Só consegui perceber isso pois já falta pouco tempo para regressar ao trabalho e para mim o tempo foi pouco.
Eu estou desejosa para regressar ao meu trabalho e à minha rotina mas tinha na ideia que um mês em casa iria curar a dor. Que seria suficiente para superar, que seria suficiente para facilitar o regresso à rotina normal. Sou mesmo ingénua e novata nisto.
Não é num mês que se cura a dor, isso eu sabia. Tenho noção que toda esta dor ainda vai continuar, sei que vai diminuir mas nunca será apagada. Terei sempre a mágoa de ter perdido a nossa bebé tão desejada isso eu tenho noção.
No entanto, neste momento sinto que tudo à minha volta andou normalmente mas que eu congelei naquele pedacinho de tempo e que esse pedacinho de tempo fez com que eu, agora que estou quase a regressar ao trabalho e ao mundo, não me sinta preparada.
Sinto que falta mais um bocadinho para conseguir mas isso não vai acontecer pois o tempo andou e eu vou ter que regressar. Sinto que estou no caminho certo, que já estou a melhorar e por isso sinto que apenas mais uma semana faria bem.
Mas também sei que regressar ao ritmo normal da vida e do mundo me fará bem, apesar de ainda não me sentir preparada algum dia o teria que fazer. Podia adiar mais uma semana mas será que não me iria sentir igual?
Neste momento sinto como se tivesse sido ontem que vimos a nossa bebé pela última vez a se mexer e a bater o seu coração forte, sinto como se tivesse sido ontem o momento em que a nossa bebé saiu dentro de mim.
O tempo congela mesmo para nós. Só aos poucos é que começará a descongelar e nós iremos conseguir ver todas essas sensações do passado mais longe, no tempo certo delas. Vão ficar cada vez mais distantes mas nunca ficarão esquecidas. Apenas diminuirá a nossa mágoa, dor e saudade.
Eu congelei no tempo mas agora haverá uns raios de sol que o fará descongelar e fará com que eu avance...

Imagem retirada de: https://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-tempo-1-congelado-image2192993

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Medo de ficar sozinha


O John está a estudar e eu a trabalhar. Antes não me custava quando ele começava as aulas mas desta vez...
Só passaram três semanas após o aborto e o John esteve sempre comigo, nunca fiquei sozinha um dia. Estou um pouco ansiosa. Tenho medo de ficar sozinha.
Sozinha posso não conseguir me manter ocupada e posso passar o tempo a pensar em tudo que aconteceu. Eu sei que nunca vou esquecer mas quando estamos sozinhas temos tendência de olhar para as coisas de forma negativa e triste.
O John é realmente o meu porto seguro, e neste momento que me sinto bastante frágil, ficar sem ele metade do dia vai ser difícil. Acredito que melhorá mas neste momento estou com medo, medo de pensar de forma errada sobre as coisas. Dar um peso maior e negativo.
Apesar de não me esquecer nenhum dia o que aconteceu, eu tento pensar de forma positiva, de forma a que me dê força para o futuro mas confesso quando fico sozinha fica mais difícil de pensar assim.
Ainda por cima ainda não comecei a trabalhar e estava habituada a ter o John sempre que tinha necessidade de falar. Agora ele retomou a sua rotina e eu não estava à espera que fosse assim tão rápido e que me sentiria assim.
Ele vem comer a casa e tudo mas mesmo assim sinto falta dele. Sinto que estou mais desprotegida.
Sei que quando eu também retomar a minha rotina que melhorá. Eu amo o John e ele é a pessoa que mais preciso mas não quero ficar presa apenas a isso pois tenho que ser capaz de ultrapassar os meus ataques de ansiedade e medos sozinha. Devia ter começado a fazê-lo antes do meu John recomeçar as aulas.
Apesar de sentir saudades e falta da presença dele tenho que ser mais forte que isso.
Mais uma vez friso que tudo isto é normal mas não podemos simplesmente aceitar sem lutar contra a fragilidade que temos...

Imagem retirada de: http://www.escolapsicologia.com/o-fracasso-e-uma-opcao-mas-o-medo-nao/

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Pronta para aproveitar a vida


Nós vamos aprendendo com os erros, com as quedas, com as vitórias. Começamos a dar valor a coisas de maneira diferente, mudamos a nossa maneira de viver a vida.
A mim aconteceu-me isso. Sempre fui uma pessoa que gostava de ter tudo planeado e antes de fazer algo tinha que ter condições para isso. Por isso adiei a minha vontade de ser mãe até agora.
Preocupava-me muito na questão económica se ia ter condições para criar uma família, de ter um T1 e que a casa seria muito pequena para ter um bebé. Será que isso é uma preocupação?
Claro que não podemos esquecer que nada é um mar de rosa mas porquê adiar ou ocupar o tempo com essas preocupações? A mim não me valeram de nada pois ainda não tenho o nosso filho.
Então decidi viver o dia a dia e todos os obstáculos que chegarem serão ultrapassados porque eu e o John somos capazes de o fazer, juntos somos mais fortes e a vida já nos provou que conseguimos vencer todas as dificuldades.
Quero a partir de agora aproveitar o tempo com o John, aproveitar cada minuto com ele. Quero na próxima gravidez aproveitar cada minuto, cada semana, cada mês sem me preocupar com tudo. Quanto menos pensar nos problemas mais eu vivo a vida.
Mais uma coisa que decidi deixar para trás é o facto de me preocupar com os outros e esquecer de me preocupar comigo. Preocupava-me se a minha família ficava bem se eu dissesse ou fizesse alguma coisa, mas eles não o faziam o mesmo. Até agora era assim e mesmo no início deste aborto eu pensei assim. Mas e eu? E o que eu sinto e quero? Decidi que agora penso primeiro em mim e no John e depois nos outros. A minha família agora sou eu, o John, o Suricata e o nosso filho que virá. Tenho que pensar em nós, no nosso bem estar e só depois pensar nos outros. A vida é curta demais, nunca saberemos o que acontecerá no dia seguinte então vamos viver o hoje e o amanhã logo se vê.
No trabalho continuarei a ser a profissional que sou mas não irei colocá-lo em primeiro lugar. Sim eu muitas vezes fazia isso, colocava o trabalho em primeiro lugar e só depois a família. Hoje não quero isso. Há um tempo para cada coisa, 8h será para o trabalho as restantes 16h serão para estar com o meu homem.
Definir prioridades é o meu objectivo para hoje. Quero saber aproveitar cada minuto da minha vida, aproveitar o que ela me dá e partillhar todos esses momentos com quem me faz feliz.
Não podemos desperdiçar a vida com preocupações e medos. Temos que perceber que maus momentos irão sempre existir mas o importante é termos força para vence-los quando chegarem...

Imagem retirada de: http://fashionandhealth.com.br/adeus-corpo-e-ano-velho-por-studio-health/

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Aliviada por ter conseguido estar com a família


Já aconteceu o primeiro encontro com os meus pais.
Estava um pouco ansiosa antes de chegarem pois não sabia o que ia sair deste encontro. Mas relaxei e deixei andar. Se acontecesse algo que não me deixasse confortável depois resolvia.
Eles chegaram e reagiram normal o que foi óptimo. O meu pai passou mais tempo com o John e eu passei com a minha mãe. Demorou tempo até o assunto chegar. Primeiro falámos sobre a minha avó e depois ela puxou o assunto.
Não levei a mal, por um simples motivo, ainda não tinha falado com ela sobre o aborto foi sempre o John que fez isso. Fomos falando, falei de alguns pormenores do que passei mas não consegui olhar para ela quando era algo que me lembrava pois sabia que ia chorar e não quis. Porquê? Porque a voz dela estava a ficar termida e mais rápido chorava e porque não me sinto à vontade para chorar à frente deles.
Houve apenas um momento que me chateou que foi ela começar a desabafar de momentos menos bons do passado dela. Demorei um pouco até lhe dizer que não precisava disso  e que não a conseguia ajudar pois estou a viver e a ultrapassar o meu momento.
Foi positivo mas infelizmente não sinto necessidade de estar com eles ou de ter o carinho deles. Sinto que posso estar a ser injusta mas tudo isso vem do passado e não consigo mudar isso. Vou ama-los sempre mas não consigo ter uma relação de cumplicidade com eles, infelizmente.
Pelo menos já não tenho ansiedade por causa de estar com eles. Agradeço toda a preocupação deles mas há coisas que por muito que eu queira não consigo mudar e não vou me preocupar com isso.
Contudo sinto-me aliviada por ter conseguido ultrapassar o medo de estar com eles. Uma etapa está. Um passo de cada vez e as coisas começam a ir para o sítio delas...

Imagem retirada de: http://yaseminsoysal.com/?post_type=portfolio&p=4309

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Resta-me esperar pelo amanhã


Fui à consulta com o meu ginecologista e nem foi tão má como pensava!
Quando cheguei fiquei nostálgica pois a última vez que lá tive foi para ver a nossa menina. Foi quando nos confirmou que era mesmo uma menininha, foi quando a nossa pequena chuchou no dedo para os pais verem. Isto aconteceu e acho que não será a última vez que me sentirei assim.
Tirando isso confirmou-se que o meu organismo limpou bem a cavidade uterina. E que não restou nada da placenta. Para mim é super positivo pois não gosto de raspagens apesar de nunca ter sido necessário, acho que é algo "violento".
A outra boa notícia é que, sendo o meu médico o Director da parte de ginecologia obstetrícia do Hospital, ele disse que já ia fazer um pedido para adiantar a minha consulta de fertilidade. Para não termos que esperar os 6 meses.
Foi uma óptima notícia pois a consulta será para Abril. Assim a minha ansiedade não será tão longa.
Não significa que não esteja ansiosa porque estou. Mas diminui o meu tempo de espera. Será mais rápido do que estavamos à espera e já podemos começar a fazer exames e se calhar até ver qual o tratamento que iremos fazer.
Confesso que o meu desejo é conseguir engravidar ainda este ano. Mas tenho medo de criar expectativas e depois ter desilusões. Apesar desse medo estou confiante e desta próxima vai correr tudo bem.

Imagem retirada de: https://www.designdune.com/inspiration/best-black-and-white-photography/

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O amor é...


O Amor hoje em dia é quase um sentimento escasso. As pessoas deixaram de acreditar que o amor existe e que faz bem à nossa vida.
O amor é gostar, é estar perto nos bons e maus momentos, é sentimo-nos felizes com apenas um sorriso das pessoas que nos são importantes.
Existem vários tipos de amor e cada um tem um lugar na nossa vida.
Existe o amor pela família que apesar de tudo vamos sempre amá-la, mesmo que deixemos de estar juntos muito tempo.
Existe o amor pelos nossos irmãos que mesmo estando longe e sem nos falarmos diariamente sabemos que estaremos lá quando um precisar.
Existe o amor pelos nossos sobrinhos porque passamos a amar os pequenotes simplesmente porque são a felicidade dos nossos irmãos e a nossa. Fazem-nos lembrar como é bom ser inocente e por isso só nos transmitem felicidade.
Temos o amor pelos nossos animais de estimação que mesmo sem falarem, mesmo sendo animais, são os seres que nunca te abandonam, são seres que sempre que precisas dão-te carinho, amor e diversão. Devemos amá-los como família porque eles vão viver contigo até ao fim e serão sempre leais.
E temos o amor pelo nosso companheiro, que é o amor que as pessoas mais se esquecem.
Hoje em dia a sociedade não acredita que o amor seja verdadeiro, pensam que isso só existe num conto de fadas. E por isso acham que o dinheiro é mais importante. O dinheiro ajuda a trazer um pouco de felicidade mas será que é o suficiente?
Ainda não consegui perceber aquelas pessoas que compram amor, que estão com alguém apenas pelos bens materiais que tem. Não consigo perceber como preferem serem ricos e pobres em emoções e valores.
O amor não paga contas é certo mas se tiveres alguém para partilhar amor consegues sempre arranjar soluções para as pagares.
Nunca devemos esquecer que os valores são importantes e que uma pessoa sem valores é uma pessoa vazia. E o amor está incluído também.
O amor faz com que vejamos a vida como ela é e como a desejamos. Não precisa ser um amor possessivo pois o que é demais faz mal. Mas devemos ser capazes de amar o outro como amamos os nossos e mesmo nós próprios.
Não podemos esquecer que é um privilégio ter alguém com quem dividir o dia a dia, partilhar as alegrias das vidas e as tristezas também.
O ciclo da vida é aprendermos amar primeiro a nossa família depois os nossos amigos. E se realmente conseguirmos fazer isso então estamos prontos para encontrar alguém que será para o resto da vida e amá-lo.
Eu encontrei o John e desde o início que acreditei que era amor e agora temos uma vida, ultrapassamos os nossos obstáculos e conseguimos vencer juntos pois existe uma força que nos ajuda que é: O Nosso Amor. Não se esqueçam de dizer quem amam eu digo todos os dias e não tenho vergonha de o fazer. Na realidade eu amo o meu John e o meu Suricata. Eles fazem-me bem, estão comigo quando eu preciso e dão sentido à minha vida.
Encontrem o vosso amor e verão que a vida se torna mais fácil de se viver...

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Decidi ser uma guerreira


Fui à minha segunda sessão com a psicóloga, estava um pouco nervosa mas desta vez fui sozinha, o John ficou à minha espera.
Foi muito bom mais uma vez. Fez-me perceber mais algumas coisas.
Percebi o porquê da minha ansiedade com a minha família. Todo o afastamento e medo de os deixar entrar na minha dor vem de mágoas do passado que não foram bem resolvidas.
Percebi que não vou poder evitar muito tempo sem estar com eles. Resolvi que está na altura certa, ao fim de falar com a psicóloga. Percebi que tenho que enfrentar isso para não sentir mais um peso na minha vida.
Nesta sessão foi abordado o tema família pois também é um assunto muito importante. Ir à psicóloga não serve simplesmente para falarem sobre o aborto mas tudo o que, com isso, vos faz sentir frágeis. No meu caso a família, no vosso poderá ser outras coisas.
Na seguinte sessão já iremos falar mais sobre a gravidez e aborto.
Aconselho a todas que estejam a passar pelo mesmo,por um aborto, para não se esquecerem que é tudo normal o que sentimos e que por estarmos frágeis não significa que deixamos de ser mulheres fortes.
Vou ter muito que chorar mas eu serei uma guerreira, irei enfrentar a minha dor e os meus medos. E vocês o que serão? Nunca se esqueçam que somos mulheres e somos mais fortes do que pensamos...

Imagem retirada de: http://weheartit.com/entry/60962566

sábado, 18 de fevereiro de 2017

A minha montanha russa


Medos, dúvidas, vontade de fugir...
A minha cabeça anda como uma montanha russa.
Agora percebo que no primeiro dia do aborto estava um pouco como anestesiada, conseguia sorrir e ver o futuro. Mas agora que se passou duas semanas a minha mente entrou em colapso.
Primeiro comecei a ter medo de estar com a minha sobrinha que tanto adoro. Tenho medo que a minha vontade e saudade seja apenas para substituir a minha perda. Mas será isto a realidade ou a minha mente a destroçar o que realmente sinto? Paro e reflito... e pouco tempo depois chego à conclusão que o que sinto mesmo é saudade pois já antes de perder a minha bebé sentia. Tenho mesmo saudades daquela pequena, ela é a pessoa da minha família que me dá força e porquê? Porque ainda é um ser inocente e faz-me rir e ter esperança.
Segunda coisa que me está a deixar um pouco louca é o facto de querer apagar uma foto da minha bebé quando na realidade não quero. Porquê todas estas contradições? Simplesmente porque quero que a dor que estou a sentir desapareça tão rápido como chegou.
Mais uma vez consegui perceber sozinha que não controlamos o tempo e  na vida tem o seu tempo. Esta dor não vai desaparecer quando eu quiser mas sim com a minha força para a combater.
Estes são os meus colapsos, com que tenho que lidar e principalmente lutar para não dominarem a minha vida...

Imagem retirada de: https://www.flickr.com/photos/royal65/2471856960

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Sozinhas com os nossos sentimentos


Perdermos alguém que desejamos tanto não é fácil. Mesmo sendo forte há dias que ainda sinto aquela saudade e aquele pensamento de "nesta altura estaria com barriga maior e que daqui a uns meses iria ter nos meus braços o meu bem" ou quando vejo ou sei de alguém que esteja grávida penso que se não me tivesse acontecido também estaria. Nunca são sentimentos de raiva ou inveja apenas o grande desejo de ser mãe. Quando tudo isto me vem à cabeça foco-me logo no futuro e o meu pensamento é que também vou estar grávida e ter o meu filho.
Ainda não voltei ao trabalho e não sei como será pois o trabalho é maioritariamente mulheres e de certo que haverá grávidas ou podem me dizer que já estou na idade de ter filhos.
Tudo isso me deixa com medo de como serei capaz de reagir. Porque apesar de aceitar que já não estou grávida há palavras que nos fazem lembrar que já estive. Não podemos controlar as outras pessoas mas podemos nos controlar. Espero que a minha psicóloga me ajude a perceber como faço isso e depois já saberei como reagir. Tenho noção que a psicóloga não faz milagres nem resolverá os problemas por mim mas o que pretendo é que ela me ajude a fazê - lo.
Em relação à minha família já não tenho tanto medo de estar com eles pois já tive uma conversa a explicar que a melhor forma de me ajudarem seria não estarem sempre tristes nem sempre a falar sobre o assunto. E que quando falarem falarem de forma natural sem dar um peso negativo. Os meus pais não tenho bem a certeza se compreenderam mas pelo menos o meu irmão percebeu e deixou-me mais descansada.
Todos estes medos, sentimentos que vamos sentindo são super normais mas não sei até quando estarão aqui...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A música na vida



Para tudo na minha vida há uma coisa que tem que estar presente pois para mim é muito importante. Essa coisa chama-se música.
Não sei como funciona com vocês mas comigo funciona como terapia.
Na minha vida tem que haver sempre música seja no trabalho como no dia a dia.
A música relaxa-me e faz-me refletir nas situações que ocorrem. Para quem gosta de música aconselho vivamente, para quem está feliz como para quem está a passar um momento menos bom.
Existem músicas que parecem que foram feitas para nós sabem? Eu tenho uma que quando foi lançada foi na altura que sofri o segundo aborto. Desde aí ela acompanha-me sempre.
A letra é simplesmente linda e fez com que visse o aborto de forma diferente, ajudou-me a focar-me no futuro.
A música é da fadista Mariza e a música chama-se "Melhor de mim".
A partir daí o que eu digo sempre ao John é que o melhor de nós está para chegar e que para se ganhar temos que perder.
Encontrem a vossa música, reflitam nela e tirem partido do melhor da música.
Vou vos deixar a música e letra.
E nunca se esqueçam "quem canta seus mal espanta".




Imagem retirada de. http://favim.com/image/719875/

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A vida depois de um aborto



Quando falamos de aborto o que está associado é a dor, o luto, a tristeza... Mas será que não existe algo bom nesta situação?
Na minha modesta opinião acho que tudo mau tem algo positivo, nem que seja apenas para provar a força que temos para ultrapassar.
Relativamente ao aborto, o lado positivo temos que ser nós a descobri-lo, pois cada pessoa demora o seu tempo para aceitar e só conseguimos ver as coisas noutra expectativa quando aceitamos o que nos aconteceu.
Eu passei pela dor de perda, passei pelo luto da nossa bebé, passei pela saudade das coisas boas que vivi com o John. E ainda há dias que todos esses sentimentos chegam. Mas tive que aceitar toda a situação, quis me lembrar de tudo que foi bom sem sentir a dor de a ter perdido ou mesmo de culpa.
O primeiro ponto positivo que consegui ver com o aborto foi o facto de toda esta situação negativa ter fortalecido uma relação que não pensávamos que houvesse possibilidade de ser mais forte. Eu e o John com tudo isto ficámos mais unidos e vimos que um é a força do outro.
Mesmo não sendo uma coisa que gostasse de ouvir nos primeiros dias, consegui ver que foi preferível ser com 16 semanas do que ser mais para frente ou de ser descoberta alguma má deformação e dizerem que teria que abortar. Sei que ao lerem isto podem pensar como consigo pensar assim. Quando aceitarem a situação vão ver as coisas por outro lado.
Comecei a pensar que tudo na vida tem uma razão de ser e se isto teve que acontecer comigo foi por alguma razão e essa razão será explicada a partir das análises que farão à placenta e à bebé. E com isso vou ficar a saber o que realmente se passou e o que teremos que fazer daí para frente.
Consegui perceber que mesmo ter abortado, consegui limpar tudo naturalmente e que não causei "estragos" no útero e que apenas tenho que esperar 6 meses. Sentiria-me pior se me dissessem que não poderia ter filhos.
E para finalizar, vejo toda esta situação como uma aprendizagem. Tudo serviu para mostrar o lado negro da gravidez e fez com que fosse mais forte para uma próxima. E nessa próxima gravidez vou aproveitar o máximo sem ter grandes preocupações.
Tudo isto fez com que tivesse a certeza que seremos uns óptimos pais e que o filho que irá vir será amado com todas as nossas forças.
Em suma devemos conseguir ver o lado positivo das coisas mesmo que ao início seja difícil. Com tempo e calma irão conseguir. Lembrem-se que não podemos viver na mágoa pois isso só nos irá levar ao lado negro da vida. Sejam fortes e vão conseguir...

Imagem retirada de: http://rebloggy.com/post/quote-black-and-white-stay-strong-positive/28013300050

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Coragem para ir à psicóloga


Até ir à psicóloga tive que esperar pelo menos uma semana. Só no dia 07 de Fevereiro tive coragem de ir a uma consulta. Não pensem que é um processo simples e rápido. Do momento em que decidimos ir ao momento de ir pode demorar algum tempo e só devemos ir quando nos sentirmos preparadas para tal.
Eu nunca recorri a psicólogos por isso estava um pouco nervosa de como seria, do que íamos falar e de como iria reagir ao assunto. Mais uma vez contei com o apoio do John que me acompanhou e entrou comigo na primeira sessão.
Nesta primeira sessão estivemos 1h a falar com a psicóloga que nos deixou logo à vontade. O John só falava quando a psicóloga lhe perguntava alguma coisa pois, aquela consulta era para mim e deveria ser eu a falar.
Comecei por explicar o porquê de ter decidido ir, a minha razão foi por ter passado por três abortos e como não reagi bem ao segundo deste não queria passar pelo mesmo. O outro motivo foi que eu não conseguia estar com outras pessoas, isso causava-me ansiedade pois tinha medo de não ter forças quando fosse abordada. A minha família era quem me causava mais ansiedade. Consegui perceber apenas com 1h de consulta que esta ansiedade resultava de como lidaram comigo nos outros abortos.
Esta primeira sessão serve apenas para nos darmos a conhecer, explicarmos a situação que nos levou lá e para a psicóloga perceber como vamos lidar com isso.
Tenho a dizer que a minha psicóloga é super atenciosa e logo na primeira sessão conseguiu ajudar a perceber que neste momento devo me preocupar e pensar em mim e não nos outros. Consegui perceber que apesar de estar focada no futuro o meu presente ainda existe dor e luto e isso por vezes não faz com que me foque naquilo que deve ser.
Referiu também que tendo uma óptima relação com o John o que ajuda a ultrapassar a situação.
Por isso escolham com quem querem partilhar a vossa vida pois esse alguém estará ao vosso lado nos piores momentos e terá que ser capaz de vos ajudar. Não deixem de recorrer a ajuda médica se isso for necessário, é sempre bom termos alguém que nos faça entender as coisas. A psicóloga irá os ajudar a aceitar a situação. Sejam fortes para ultrapassar toda a mágoa que o aborto traz...

Imagem retirada de: http://rebloggy.com/post/photography-black-and-white-life-quotes-motivation-inspiration-you-luxury-make-i/85114450664

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Como vamos ultrapassar uma interrupção da gravidez ?


Como podemos superar um aborto? Cada pessoa tem uma forma de fazer luto e ultrapassar a situação. Temos que respeitar o tempo que cada uma demora a aceitar a situação. Vou deixar-vos umas dicas que resolvi utilizar em mim e que vos pode ajudar.
Primeiro que tudo aprendam a aceitar a situação, independentemente do tempo que demorar, têm que conseguir aceitar que já não estão a gerar uma vida dentro de vocês. Chorem tudo o que têm a chorar e principalmente falem com alguém que vos deixe seguras e confortáveis, falem sempre que necessitarem. No meu caso a pessoa que me ouve quando sinto que não tenho forças para me focar é o John. Os maridos/namorados têm um papel muito importante, não os excluam.
Segundo, não tenham medo de admitir que necessitam de ajuda psicológica para ultrapassar a situação. Um aborto é algo que gera sentimentos que por vezes não conseguimos gerir sozinhas. Um psicólogo irá ajudar-nos a perceber alguns desses sentimentos e ajudará a conseguirmos geri-los. Eu decidi que desta vez tinha que ir, apesar de ter aceite a situação existiam situações como estar com outras pessoas que não me fazia sentir confortável.
Terceiro temos que deixar de nos sentirmos culpadas. Não somos menos mulheres por não conseguirmos ter um filho agora. São situações que não podemos explicar. Se fizemos tudo certinho não temos que nos sentir culpadas. Não podemos tentar perceber o que se passou. Isso temos que deixar para os profissionais, nós só podemos pensar no que podemos fazer para estarmos sãs para a próxima. Não tentem fazer o trabalho dos médicos.
Quarto mantenham-se sempre ocupadas, evitem se isolar e ficarem sem fazer nada. Quando ficamos isoladas e sem nada para fazer a nossa mente vai para sítios sombrios que nos farão ver a situação do lado mais negro. Façam algo que gostem e que ocupe o vosso tempo, para além do trabalho. Por exemplo, eu decidi aproveitar tempo para estar com o John, fazermos coisas juntos que ambos gostamos, como ele me ensinar a andar de mota. Decidi desenhar e escrever este blog.
Quinto vivam e pensem no presente e futuro e não no passado. Não podemos viver no passado. Temos que nos manter saudáveis e pensar que só assim iremos conseguir perceber o que se passou e estarmos prontas para fazer tratamentos e exames. Pensem que o nosso dia também irá chegar.
São apenas dicas que só irão resultar se todas tiverem força de vontade. Se são dicas que irão ter resultado imediato? Não me parece, tudo tem o seu tempo de cura e nós mulheres que perdemos um bocado de nós não cura de um dia para o outro mas com a nossa força de vencer iremos fazer com que a dor passe o mais rápido...

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domingo, 12 de fevereiro de 2017

A família e o aborto


Quando passamos por uma perda necessitamos de tempo, de pessoas que nos façam sentir bem. Toda gente conta com o apoio do marido e da família.
Pois bem, eu nunca tive uma boa relação com os meus pais. Quando ainda estava ao cuidado deles eles nunca se preocuparam em me perguntar como eu estava, sempre se preocuparam a falar dos problemas deles comigo e não se isso me fazia bem ou não. Nunca tive escolha de dizer que não queria ouvir. Quando conheci o John ele dava-me o que precisava, todos os dias me perguntava como estava e isso fez com que ele fosse a pessoa que eu queria sempre ao meu lado nos meus momentos bons e menos bons.
Agora que eu já sou uma mulher casada e independente os meus pais querem ser aquilo que não foram quando precisei.
No momento em que tive o aborto tardio eles preocuparam-se, o que é normal. Mas no mesmo dia, ainda eu estava em processo de expulsão, foram capazes de dizer que temos que procurar outro médico, que eu e o John tínhamos que ter uma conversa com eles para resolver esta situação. A sério que estão a dizer isso? Primeiro que tudo nós não precisamos de ouvir isso naquele momento, precisamos sim de ouvir "força vai correr tudo bem, força para os dois". Segundo, o assunto de gravidez é um assunto que só a nós nos diz respeito. O John é que falou com eles e deixou isso bem claro. Mas ao fim de ouvir isso não senti vontade de estar com eles. No dia em que tive alta disse-lhes isso, que neste momento não estava preparada para estar com eles, que precisava de tempo bem como o John. Eles aceitaram mas não ficaram contentes pois mesmo acabando de dizer do que precisava e que não estava preparada para falar com ninguém todos os dias me mandavam mensagens o que me irritava. Para além de me terem deixado insatisfeita, eles têm um espírito um pouco deprimente e não conseguem transmitir segurança. Quando falo com eles o que me transmitem é stress e tristeza. Como devem compreender não é isso que precisamos nesse momento.
São pessoas com um bom coração mas que não conseguem ter um bom timming o que influencia tudo. Depois um aborto não é só uma dor sentida pela mulher mas também pelo marido. E a minha família nunca se preocupou como o John se estava a sentir, só começaram a perguntar ao fim de eu dizer que aquele momento é difícil para mim como para o John.
Isto tudo influencia a necessidade que tenho para ter o apoio deles. Neste momento não sinto falta desse apoio, primeiro pelo que referi ao início e depois por não valorizarem o homem da minha vida.
Ao princípio senti que estava a ser incorrecta mas depois vi que neste momento só tenho que ter ao meu lado quem me faz sentir bem e se isso vos está acontecer não cedam apenas para agradar. Façam o que sentem necessidade de fazer...

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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Hora de arrumação


Hora de arrumar as coisinhas que compramos para a nossa bebé.
Como os sentimentos mudam tão depressa. Ainda a poucas semanas estávamos a ver e imaginar a nossa bebé naquelas coisinhas. E agora estamos a arrumar tudo pois já não a temos.
Sinceramente foi um momento triste para mim. Custou um pouquinho mas por um lado foi positivo pois pensava que iria ser pior.
Senti que não queria estar arrumar neste momento, gostava de poder tocar nas coisinhas para receber a nossa bebé. Mas há coisas que não se podem mudar...
Custou ver que tivemos que arrumar tudo quando era para ser utilizado em Julho. Senti saudade da nossa bebé dentro de mim, mas estou positiva e confiante que o momento de me sentir mãe de novo vai chegar cedo, sem eu notar. E aí já poderei ir buscar o que arrumei para receber o melhor de nós.
Pessoalmente precisei de ser eu a arrumar tudo o que já tinha, precisei de ver tudo a ir para dentro das caixas. Fez com que ajudasse a fazer o luto e principalmente aceitar que já está no céu e que agora é olhar para a frente para voltar a ter força para tentar de novo.
Por isso se forem capazes disso, façam vocês mesmas com a vossa cara metade, vai ajudar a aceitar a situação e a despedir de uma fase que foi feliz até ao momento de partir...

Imagem retirada de: http://travel.usnews.com/features/How-to-Pack-Light/

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O apoio do marido depois do aborto


Ao fim de sair do hospital e voltar para casa estava com medo do que podia vir acontecer. Estava com medo de me ir abaixo e não conseguir aguentar, tinha medo de passar pelo desgaste psicológico que passei no aborto retido.
Desta vez queria que fosse diferente, não podia fazer isso com o John. E decidi que iria fazer tudo o que pudesse para ultrapassar. Primeiro que tudo falei com o John, fui honesta com ele. Disse que estava com medo de não aguentar e que precisava de sentir que ele estava comigo, precisava que ele me desse carinho e atenção. Assim como precisava de lhe dar carinho. De seguida desabafei o que ia dentro de mim, desta vez não me senti culpada pois fiz tudo o que podia fazer. Mas sentia-me triste por não estar a conseguir dar uma família ao John e pedi desculpa por isso. Pedi para ele não me deixar de amar por não estar a conseguir dar a família que ele deseja. Pedi desculpa por ele ter cuidado de mim tanto tempo e eu não ter conseguido levar a gravidez até ao fim. Pedi desculpa por o ter chamado e fazer com que ele visse um pedaço da nossa bebé, não foi justo. Sentia-me muito culpada por isso. Mas o John sendo o homem que é, disse que eu era uma maluquinha, que não tinha que pedir desculpa pois ele sabia que eu não tive culpa e que não se arrepende de nada que tenha feito. Disse que estaria sempre ao meu lado, a qualquer hora que precisasse ele estaria lá para me ouvir. E acreditem que ele fez mesmo isso.
Na primeira noite que passei em casa foi difícil, acordei cedo e cheia de saudade. Sentia-me triste e tive necessidade de chamar o John para falar. E sabem o que ele fez? Ele acordou meteu-me no seu peito e ouviu tudo o que tinha a dizer. Principalmente sentia que algo faltava em mim, senti saudade de saber que tinha um ser a crescer dentro de mim. Sentia que estar naquela cama sem ter a nossa bebé era difícil. O John, um marido exemplar, disse-me para chorar tudo, e que tudo o que sentia era normal. Fez-me compreender que não é por chorar ou sentir saudade que fazia de mim fraca.
O John compreendia tudo o que eu estava a sentir, compreendia que estava frágil e que precisava de carinho e tempo. Ele todos os dias me dizia que tinha muito orgulho em mim, por estar a fazer o esforço para ultrapassar tudo sem me ir abaixo. Essas palavras davam-me força para continuar a ser forte.
No dia seguinte voltei a acordar com sentimento de saudade e mais uma vez o John acordou só para me ouvir a desabafar. Neste dia sentia também muito medo de ficar sozinha, de perder o John, de não o ter ao meu lado. Ele abraçou-me com força e disse que nunca iria perde-lo, que ele iria estar sempre ali ao meu lado. E tudo que o John dizia era verdadeiro e deu-me muita força.
Ao fim de passar por uma perda o que eu precisava na minha vida? Precisava de um marido compreensivo e disposto a apoiar-me. E tive tudo isso.
Tenho que agradecer muito pela vida me colocar um homem assim ao meu lado. Um homem sensível, um homem que não julga e que respeita a necessidade da outra pessoa. Podem pensar que estou a exagerar mas acreditem que não. Todos os dias agradecia ao John por ele ser o que era. Fez com que me apaixonasse mais por ele, algo que pensava ser impossível.
Quando passamos por um aborto precisámos deste tipo de apoio desta força. Mas claro que o John não é super-herói e não conseguiu curar todos os meus medos, mas ajudou a tomar uma decisão. Com ele consigo falar sobre tudo que passámos mas não consigo falar com mais ninguém e isso traz ansiedade. Ao fim de passar pelo aborto, tinha medo de ter contacto com outras pessoas, tinha medo de falar sobre o assunto, então o John e eu achámos que deveria ir a uma psicóloga para me ajudar neste aspecto.
Não se isolem quando passam por isto, falem com a vossa cara metade pois será positivo para os dois e não tenham medo se precisarem de ajuda médica...

Imagem retirada de: https://pt.pinterest.com/AdroMserra/kisses-hugs/

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O aborto e o dia de dizer adeus à nossa bebé


Quando o John viu que aquilo que estava a sentir era um bocadinho da nossa bebé chamou logo o 112. Colocou-me como lhe estavam a dizer e tivemos que esperar. O John foi um marido exemplar, esteve sempre comigo. Claro que só me apetecia chorar, perdi a nossa bebé mas naquele momento eu e o John só estávamos a pensar na minha saúde pois já não podíamos fazer nada pela nossa bebé.
Tenho que salientar que os bombeiros e os enfermeiros que me vieram buscar foram profissionais excepcionais, tiveram sempre o cuidado com a minha saúde física e também psicológica. Uma simples festa na minha cabeça e uma simples palavra foram essenciais para me acalmar e aceitar a situação. Estava a ser um momento muito doloroso pois não queria acreditar que perdi a nossa bebé mas como já não podia fazer mais nada por ela o John e os enfermeiros fizeram-me lembrar que podia chorar o que quisesse mas que não me podia ir abaixo e pensar na minha saúde, pois sem saúde não podíamos voltar a tentar.
O John acompanhou-me na ambulância e ficou comigo o tempo todo. As enfermeiras e os médicos que estavam nas urgências foram cinco estrelas, carinhosos e cuidadosos. A prioridade foi a minha saúde. Ao fim de me observarem e confirmarem que estava em processo de aborto fui para uma sala de partos, tomei dois comprimidos para provocar o "parto". O John teve sempre comigo, deu-me muita força e nunca me deixou sozinha mesmo quando estava com dores. Mesmo no momento de expulsar a nossa bebé ele teve comigo.
Posso vos dizer que ainda vi um bocadinho a nossa bebé, era super pequenina e estava em conchinha, podem pensar que foi pior mas digo-vos que não. Eu ter visto fez-me aceitar e me despedir. Depois de terem cortado o cordão umbilical e a terem levado para ir para análise ainda continuei na sala para expulsar a placenta que também foi para análise. O John esteve sempre comigo. Foram umas longas horas mas que não me custaram psicologicamente pois senti o apoio do John a todos os minutos.
Ao fim da expulsão completa fui para um quarto para jantar e para depois ir para o quarto onde ia ficar. Mais uma vez o John esteve comigo até ir para o quarto.
Nunca fiquei num hospital internada, estava nervosa por ficar sozinha sem o John uma noite inteira. Quando ele foi embora senti-me sozinha, só conseguia lhe mandar mensagens para o sentir ao meu lado. Toda esta dedicação do John fez-me superar melhor a situação, pensava que seria pior. No dia seguinte a médica veio falar comigo e observar-me para ver se ainda restava placenta no útero. Estava tudo bem, e passou a parte de explicar  que agora as análises à bebé e à placenta demoraria mais ou menos 6 meses e nessa altura iria ser chamada para uma consulta de fertilidade no Hospital. Aconselhou que até ter a consulta evitar ficar grávida para não correr o risco de passar pelo mesmo. Deu-me alta e liguei logo ao John para me ir buscar. Estava ansiosa para o ver e para voltar para casa e estar com ele.
Nestes casos o apoio de quem mais amam ajuda a superar e aceitar melhor as coisas...

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Uma gravidez quase perfeita mas... sofri mais um aborto


Não podemos dar nada como certo. Devemos viver cada minuto como se fosse o último, devemos aproveitar os bons momentos o máximo de tempo porque não sabemos até quando vão durar.
Quando eu e o John já estávamos mais descansados, mais confiantes algo nos fez mudar isso.
Antes de passar ao momento mau das nossas vidas, vou partilhar ainda os bons momentos que vivemos.
Desde a última consulta eu e o John estávamos super ansiosos, como não temos um capital muito abundante aproveitámos algumas promoções para começar a comprar algumas coisas. Apesar de ainda estar com apenas 15 semanas, decidimos que poderíamos começar a comprar coisas do género carrinho, banheira, etc. Assim foi, escolhemos um carrinho de cor neutra, uma banheira, um colchão, um esterilizador com conjunto de biberões, uma cadeirinha de comer e intercomunicador. Foi um momento super feliz, podermos estar a comprar coisinhas para a nossa bebé. Estávamos realmente confiantes que iria correr tudo bem. Mesmo que algo corresse mal eu e o John achávamos que não sendo roupinha não nos iria fazer lembrar da perda. E acreditem que faz diferença.
Ao fim de vivermos estes momentos felizes, tivemos um momento em que entrámos num pesadelo.
No dia 27 de Janeiro de 2017, três dias depois de termos uma consulta onde a nossa bebé estava perfeita e tudo bem, fui às urgências. Sinceramente pensava que seria apenas uma perda de sangue sem importância mas... Quando a médica me observou antes de fazer a ecografia, disse que o colo do útero estava fechado e que via o rolhão. Disse que o sangue seria das paredes vaginais que estariam mais sensíveis. Fiquei aliviada e ansiosa para ir ver a nossa bebé.
Quando fomos fazer a ecografia a médica disse que a bebé estava a mexer e o coração a bater, fiquei feliz. Mas passados uns segundos a médica disse que não estava a ver líquido amniótico e foi chamar um colega e fomos a um ecógrafo melhor e...não podia acreditar no que me estavam a dizer. Realmente confirmaram que não tinha líquido amniótico, a quantidade era super mínima. E agora? O que isso significa? Bem os médicos foram super cuidadosos mas disseram a verdade sem dar falsas esperanças. A probabilidade da bebé sobreviver era mínima pois estava com apenas 16 semanas e a bebé ainda se estava a desenvolver e o líquido é essencial para isso e essencial para o bebé se movimentar e sobreviver dentro do útero. Não podia acreditar no que estava a ouvir. Pedi para chamar o John para poder ouvir o coração da nossa bebé pois poderia ser a última vez. A médica assim fez e quando o John entrou explicaram o que se estava a passar e ainda ouvimos o coração dela. Perguntámos se não podia ficar internada para tentar fazer alguma coisa mas estando eu com 16 semanas não havia nada a fazer. A bebé não sobrevive fora do útero com tão poucas semanas. O máximo que podia fazer era repousar e beber 3L de água por dia.
Foi o que fiz, voltamos para casa com indicações de que se tivesse grande hemorragia ou febre ir logo para às urgências. Chorei muito, chorei como se me tivessem dito que ela não estava mais viva. Não podia acreditar que estava acontecer de novo, não conseguia compreender como é que em apenas três dias pode mudar tanta coisa. Eu e o John fizemos tudo o que podíamos o resto estava com a mãe Natureza. No dia 29 de Janeiro foi o dia do pesadelo, quando fui à casa de banho senti algo duro a querer sair da vagina mas como não conseguia ver chamei o John e...já estava em processo de aborto...

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A ansiedade para te vermos


Nunca chegámos tão longe com uma gravidez, passámos as 10 semanas. Tudo era novo para mim e para o John. Ficámos a saber o que todos sentem quando ouvem o coração pela primeira vez, quando vêm a sementinha a mexer. E como é óbvio vivíamos numa felicidade imensa apesar de termos que ter muito cuidado pois continuava em baixa de risco.
Como eu era seguida no privado e no público (por causa de estar de baixa) tinha a sorte de, em pouco tempo, ver a nossa sementinha mais vezes.
Ao fim da última consulta (10 semanas) ficámos logo ansiosos pela a ecografia do primeiro trimestre. Esta seria feita no Hospital, a finalidade desta ecografia é observar se há algum indício de trissomias. Antes desta ecografia já tinha feito a recolha de sangue para observar o risco de o bebé vir a ter.
No dia 30 de Dezembro 2016 chegou o dia de irmos ver de novo a nossa sementinha. Estávamos super ansiosos e ainda por cima o médico disse que seria muito giro para nós pois com 12 semanas já se parece com um bebé, apesar de ser ainda um ser super pequenino.
Quando entramos na sala, estávamos em pulgas e o médico colocou o gel na barriga e começou a fazer a ecografia. Mais uma vez a nossa felicidade era transparente, saltava à vista pois os nossos olhos brilhavam. Em apenas 12 semanas já existia um amor inexplicável pela sementinha.
Foi um momento muito bom e especial. A nossa pequenina estava quietinha e o médico necessitava que ela se virasse e começou a bater na minha barriga e não é que a pequena reagiu!? Foi muito giro ver ela a esticar as pernas e esconder a cara (meteu as mãozinhas à frente da cara). Podemos aproveitar cada minuto a olhar para ela e vê-la tão activa. Voltar ouvir o coração... Um sentimento que não consigo explicar. Encheu-me o coração de amor e felicidade.
Nesta ecografia o médico já nos conseguiu dar uma percentagem de 90% de certeza do sexo e... saiu-nos uma menina.
Apesar de eu e o John sempre desejarmos ter um menino ficámos super ansiosos para ver como seria ter uma menina aqui em casa.
Saímos super felizes e não parámos de falar de como ela se mexia e de como ela era um ser fofinho apesar do seu tamanho. A felicidade em sabermos que não havia nada que indicasse trissomia e que a nossa bebé estava a desenvolver-se normal.
Mais uma vez ansiosos pela seguinte consulta. O tempo entre esta ecografia e a consulta do dia 24 de Janeiro de 2017 era de três semanas. Para nosso sossego estas três semanas foram super tranquilas, nunca tive que ir às urgências, não tive perdas de sangue. Finalmente eu e o John ficámos tranquilos apesar de continuarmos com os cuidados todos.
Chegou o dia da consulta e estávamos ansiosos para a ver de novo e para o médico nos confirmar se era mesmo uma menina. E confirmou mesmo. Íamos ter uma menina. Mais uma vez vimos ela a mexer-se, apesar que desta vez estava mais preguiçosa, mesmo assim fez o gosto aos pais e mexeu-se. Para além disso fez uma coisa que nunca tínhamos visto, chuchou no dedinho. Foi muito engraçado. Nesta altura já tínhamos uma menina de 127g. Como é que um ser tão pequenino nos consegue fazer apaixonar? A resposta para isso é simples, o amor que nasce a partir do momento em que descobrimos que estamos grávidos é a magia da gravidez...

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os sintomas da gravidez que desconhecia


Antes de engravidar havia coisas que achava que as grávidas exageravam. E pensava que comigo seria diferente.
Mesmo antes de ficar grávida já andava a pesquisar o que sentimos em cada semana, as mudanças que tínhamos. Quando engravidei continuava as minhas pesquisas. E mesmo assim achava sempre que iria ter o mínimo de sintomas e que nesse aspecto seria muito bom.
Bem por vezes enganamo-nos e eu claro que me enganei. Anne porque serias tu diferente da maior parte das grávidas?
Posso vos dizer que o que mais me custou e que sofri desde as 7 semanas às 16 semanas foram os enjoos. Estes amigos desgastaram-me todos os dias sem exceção. Para além de estar o dia todo enjoada vomitava todos os dias e antes de começar a tomar Nausefe vomitava mais do que uma vez. Era horrível. Nunca pensei que fosse tão doloroso. Acabava de comer e tinha que ir logo para a casa de banho, para o fim nem tinha tempo de ir por isso o John, um marido sempre preocupado, deixava-me uma taça para os momentos de urgência.
Mesmo com Nausefe (eu tomava 4 por dia) vomitava todos os dias apenas uma vez, só às 15-16 semanas é que aguentava uns 3-4 dias sem deitar fora a comida.
Para além destes vómitos chatos tinha os enjoos. Mesmo com água ficava enjoada podem não acreditar mas era verdade. Com isso surgia o mau feitio, as mudanças de humor que não eram só das hormonas. E desgraçado do meu John que sofria com isso, todas as vezes que era injusta com ele pedia imensas desculpas pois ele não merecia. O John é o homem ideal, sempre cuidou de mim, fazia-me tudo, trazia-me a comida à cama sempre a horas, ajudava-me no banho, secava-me o cabelo, etc E mesmo assim eu por vezes era injusta. Mas é verdade quando dizem que quando estamos grávidas as hormonas falam por nós. A minha grande sorte foi encontrar o homem da minha vida que compreendia essas mudanças e me desculpava sempre.
Uma das coisas que achei piada é que chorava por tudo e por nada. Realmente uma grávida fica mesmo sensível. Muitas vezes o John não conseguia conter o riso pois chorava por coisas que se fosse noutra altura não o faria.
A gravidez é um momento cheio de coisas boas e felizes e de coisas menos boas.
Aprendi que não sou assim tão diferente das outras pessoas e se elas passam pelos sintomas mais chatos eu também iria passar.
Não desesperem se isso acontecer com vocês, pensem que é uma consequência de estarem a criar um ser dentro de vocês...

Imagem retirada de: https://clipartfox.com/categories/view/c520b4c9cef0954376dd146ae1fce521bbb963ca/emoji-clipart-black-and-white.html

domingo, 5 de fevereiro de 2017

A felicidade chegou, estou grávida!


Como se costuma dizer "Depois da tempestade vem a bonança", e isso aconteceu em 06 Novembro de 2016. Este foi o dia em que chegou a nossa bonança.
Em Junho de 2016 tivemos a luz verde do médico tão desejada e a partir daí treinámos mas como estava muito ansiosa não foi tão rápido como esperava. Mas no mês em que esqueci um pouco a vontade de engravidar foi o mês em que acertámos apenas com uma tentativa. Nem quis acreditar quando fiz o teste e deu um positivo sem margens para dúvidas. Chorei de felicidade, acordei o John com a frase "Bom dia futuro papá!" Ele ficou tão surpreso quanto eu mas feliz. Fui trabalhar sempre a não acreditar na boa nova. Quando vi o positivo o meu pensamento foi " vai ser desta que vamos ter o nosso bebé tão desejado".
Tive medo não posso esconder isso, principalmente quando no dia seguinte perdi sangue. Fui logo a correr para as urgências a pensar que estava a passar pelo mesmo. Quando lá cheguei felizmente tive a notícia que já se conseguia ver o saquinho e que o sangue seria de um pólipo que tinha no colo do útero. Mesmo assim devido ao meu historial tive que ficar de baixa de gravidez de risco, sem fazer esforços. Passei uma semana quietinha na cama, e voltei a ter perda de sangue. Mais uma vez assustadíssima com aquilo. Desta vez, o que me disseram não foi muito compreensível no momento. Disseram que tinha o colo do útero com um dedo de dilatação (conseguia passar um dedo pelo colo do útero) e que estava com risco de aborto. Disseram que se sentisse nos dias seguintes algo a sair seria o início de aborto. Mais uma vez o meu mundo caiu. Não podia acreditar no que me tinham dito. No dia seguinte senti algo a sair, e pensámos logo que tínhamos perdido mais uma sementinha nossa. Como tínhamos consulta com o nosso médico para o dia seguinte esperei sem ir às urgências. Entrámos no consultório e explicámos o sucedido e o médico muito confiante disse-nos para termos calma, que iríamos ver o que se tinha passado. Eu e o John pensamos que sabíamos o que se tinha passado. Mas...nem tudo é mau. Eu e o John estávamos à espera que nos dissesse que realmente se tinha dado o aborto quando de repente começámos a ouvir um coraçãozinho a bater forte. Só me apeteceu chorar de alegria, não podíamos acreditar no que estava a acontecer. Foi a primeira vez que ouvimos o coração. O que realmente se tinha passado na noite que fui às urgências foi que tinha um descolamento de 4 cm que é considerado perigoso mas desta vez a nossa sementinha não quis sair e manteve - se firme.
O sangue que tinha perdido era o útero a limpar a parte que estava vazia. Até a sementinha ocupar esse espaço iria ter perdas de sangue. Quando isso acontece temos que ficar mesmo em repouso absoluto e só nos levantarmos para ir à casa de banho e tomar o nosso banho.
Saímos em choque do consultório nem queríamos acreditar que aquilo estava acontecer. Estávamos super felizes.
O John foi impecável comigo, um marido dedicado e cuidadoso. Fez tudo para eu não me mexer e me manter quieta para ajudar a sementinha a não se mexer mais.
Até à próxima consulta tivemos os cuidados todos, perdi sangue como o médico me disse mas nunca em grande quantidade. Uns dias antes da consulta com o nosso médico tive uma grande hemorragia e mais uma vez fomos para as urgências com medo de recebermos uma má notícia. Felizmente foi apenas um susto. O pólipo que me detectaram ao início tinha rebentado o que causou a hemorragia. Fizeram-me uma ecografia para ver como estava a sementinha e sendo a primeira vez que uma gravidez chegou tão longe (10 semanas) foi lindo poder ver a nossa sementinha a mexer. Eu e o John ficámos mais descansados. E eu estava desejosa para que chegasse a próxima consulta para poder partilhar com o John a sensação de vermos a nossa sementinha a mexer. (nas urgências o marido não pode entrar). Na consulta o descolamento já tinha passado e a nossa sementinha estava toda mexida, não parava quieta, foi óptimo ver a cara de felicidade do John. Tinha sido a primeira vez que o John a via a mexer....

Imagem retirada de: http://www.contioutra.com/felicidade-e/

sábado, 4 de fevereiro de 2017

E agora como vou aguentar o aborto?


Dois abortos, um aborto retido e toda a gente à minha volta grávida e feliz. Situações não compatíveis principalmente para uma mente que não aceita o que está acontecer.
Vou partilhar tudo o que senti no momento do aborto retido, tudo o que me passava na cabeça e o que me incomodava.
Quando descobri que a gravidez não evoluiu fiquei muito destroçada, por muito tempo senti-me muito culpada por não conseguir segurar um bebé tão desejado. Senti-me bastante culpada por não estar a conseguir dar uma família ao John. A pergunta na minha cabeça sempre foi: porquê eu, se eu sou saudável porque me está acontecer a mim? Não consegui aceitar a natureza das coisas. Não fazia sentido nenhum para mim se uma pessoa é saudável a probabilidade de estas coisas acontecerem devia ser menor mas infelizmente descobri que não.
Como não consegui aceitar de não manter uma gravidez isso trouxe muitas consequências negativas. Com a revolta que ia dentro de mim comecei por me afastar de tudo que estivesse relacionado com gravidez, afastei-me de todas as pessoas que estavam grávidas. Quando via alguém grávida só pensava que poderia ser eu também.
Para piorar tudo isto, ao fim de descobrir que estava com um aborto retido tive uma prima que ficou grávida. Se isso não me acontecesse íamos ter os nossos filhos na mesma altura. Como devem imaginar foi uma situação bastante dolorosa com que tive de lidar. Apesar da minha dor e revolta sempre lhe desejei bem, mostrei-me curiosa para saber se estava a correr bem, nomes das crianças etc. E não recebi resposta alguma. Se tivessem no meu lugar o que iriam pensar, sabendo que a família toda sabia o que se tinha passado comigo? Pois bem, eu vi como uma provocação podia ser ou não mas como estava revoltada e ainda não tinha conseguido aceitar foi assim que vi e claro que mexeu com a nossa relação. Mas isso foi uma coisa mínima. O pior é a falta de tacto que as pessoas têm quando passamos por algo assim. Alguém muito próximo de mim tinha uma falta de tacto que me revoltava. Eu só pedia que olhassem para mim sem terem pena e principalmente que tivessem cuidado com o que diziam. Esse alguém tinha um momento de oportunidade óptimo, que dava comigo em doida. Tinha feito a expulsão à duas semanas e essa pessoa sabia disso e quando estivemos juntas foi capaz de me dizer toda contente "a tua prima está tão bonita, já se nota a barriguinha". Podem dizer até que estava a ser injusta, mas quem me disse isso foi a minha mãe. Não aceitei que a minha própria mãe que sabia o que estava a passar não tivesse cuidado com o que dizia. Isso não me ajudou a ultrapassar. Depois sempre que estava com a família, toda gente me dizia que agora só faltava eu para ter um filho. A sério? Nem sei o que sentia nesses momentos, ficava fora de mim.
Pior que isto foi que como os outros não aliviavam a minha dor eu fui muita injusta com o John. Isto porque como não estava bem andava sempre triste e fez com que a nossa relação a nível sexual ficasse mal. Ele não merecia e nós não merecíamos. Nós precisávamos de manter a relação activa para ajudar a esquecer tudo o que se estava a passar connosco. Felizmente passou e conseguimos ultrapassar esse momento menos bom e voltamos ao normal. E depois rápido chegou a hora de podermos voltar a tentar engravidar.
Esqueci-me de vos referir que neste período de tempo fui tia de uma menina linda e fofa que me deu muita força para lutar e não desistir. Aquele ser tão pequeno foi a minha força fora a força do John que foi bastante importante e essencial.
Resumidamente, afastem-se o tempo que necessitem mas nunca deixem que a dor e a revolta se apoderem de vocês. Precisamos do nosso tempo de luto, precisamos de aprender a aceitar e só assim conseguimos ter força. Com dor não vamos conseguir alcançar o nosso objectivo...

Imagem retirada de: http://favim.com/image/985273/

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A gravidez e as suas (más) surpresas


2015 foi o ano que decidimos que tínhamos que engravidar.
Em Maio fiz exames para ver se estava tudo bem e felizmente estava. Em Julho começámos os treinos todos confiantes. Tive que comprar teste para ver dias férteis pois na primeira tentativa falhámos o dia fértil. Ao comprar resultou muito bem.
Em Setembro descobrimos que estávamos grávidos e foi uma alegria. Confesso que estava super confiante sendo eu saudável. Mas infelizmente não estava dentro do assunto. Pois a gravidez é muito comum mas o aborto espontâneo no primeiro trimestre na primeira tentativa também. Infelizmente pertenci à percentagem de mulheres que sofre aborto espontâneo logo nas primeiras semanas.
Eu descobri que estava grávida com um teste de farmácia no dia 23 de Setembro e no dia 27 sofri o aborto. No momento em que saí do hospital ao fim de me dizerem que não viam nada no meu útero chorei. Mas ao fim de falar com o médico e este me ter explicado que por incrível que pareça na primeira vez que tentamos é normal o corpo rejeitar fiquei aliviada e novamente confiante para tentar de novo. Tinha a certeza que na segunda tentativa era até ao fim. Ao fim de ter passado um ciclo tentámos novamente e em 31 de Novembro de 2015 descobrimos que estávamos grávidos novamente. Mais uma vez super contentes e confiantes que iria ser desta vez. Passada uma semana perdi um pouco de sangue mas como foi pouco e eu tinha lido que ao início é normal se perder sangue não fui às urgências. Continuámos felizes, marcámos consulta para irmos ver como estava a correr e...uma má notícia...a minha gravidez não evoluiu, e estava com um aborto retido. O meu mundo caiu. Desta vez não consegui aceitar, foi muito doloroso para mim. Tive que fazer medicação para ajudar a retirar o que restava da bolsa. O mês de Dezembro foi doloroso e triste para mim. Fiz medicação e no primeiro de Janeiro comecei a expulsão. Foram momentos difíceis. Mas o lado positivo foi que ao fim da expulsão fiquei toda limpinha sem ser necessário raspagem. Tive consulta com o meu médico onde ele me explicou que sendo o segundo aborto em pouco tempo que iríamos fazer uma pausa de 6 meses e ao fim dos 6 meses começávamos a fazer exames para descartar algumas doenças que poderiam causar estes abortos tão cedo (os meus foram com 5 - 7 semanas).
Assim foi esperámos os 6 meses com muitas crises. Em 2016 fizemos todos os exames que o médico pediu (análise para trombo-filias, citografia, análise para ver compatibilidade cromossómica, histeroscopia - para ver possíveis danos no útero) e estava tudo perfeito.
Ao fim disto percebi que mesmo sendo saudável não significa que a natureza não possa provocar desgostos...

Imagem retirada de: http://www.justforjeeps.com/surprise.html

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Controlar o que não deve ser controlado


Quando temos uma relação duradoura chega a um momento que começamos a sentir que falta algo para a completar mais. Primeiro começamos com: viver junto, depois o casamento e depois a construção da própria família.
As duas primeiras decisões foram fáceis para mim. Ao fim de quatro anos de relação eu e o John decidimos viver juntos, inicialmente foi um pouco difícil mas ao fim de nos habituarmos aos hábitos de um e do outro foi fácil. Ao fim de dois anos a vivermos juntos decidimos casar, tivemos o nosso casamento que nunca iremos esquecer pois foi especial para os dois. A decisão mais difícil foi a construção de família não por eu não querer ser mãe ou o John querer ser pai, mas sim por ser muito controladora e de querer tudo planeado.
Quando começámos a pensar ter filhos eu tinha 22 anos e o John 24. Tínhamos emigrado a um ano mas não estávamos completamente felizes pois sentíamos muita falta das coisas da nossa terra. Essa foi a minha principal justificação. Então como éramos novos decidimos esperar e assim foi. Mas as coisas ficaram um pouco mais difíceis quando no trabalho começaram a engravidar pessoas que estavam a menos tempo que eu a trabalhar e emigrados, e isso mexeu comigo pois fez-me ver que elas arriscaram e eu não conseguia. Mesmo tendo consciência não consegui arriscar como elas pois não conseguia me sentir segura. Conversei com o John e concordamos esperar mais um pouco visto que ainda éramos novos. Entretanto decidimos vir para o nosso país e essa fase passou até chegarmos.
Quando regressamos tínhamos 24 e 26 anos e passados uns meses começámos a sentir falta de alguma coisa. Começámos por comprar o Suricata, o nosso pequeno chihuahua e ao cuidar dele tivemos certeza que o que nos fazia falta era um filho. Mas mais uma vez a minha mania de querer ter tudo controlado fez demorar a decisão. Mas desta vez o John insistiu mais e eu comecei a aceitar. Quando me decidi fomos ao médico fazer os exames pré-natais para ver se estava tudo bem para poder engravidar.
A partir daí foi saber que estava tudo bem e começar a tentar.
Com isto percebi que a vida é para se viver e que não podemos controlar tudo. Temos que arriscar quando achamos que é o momento para arriscar.
Resumidamente não deixem de fazer o que acham certo no momento que sentem que é o certo, pois mais tarde podem se arrepender de terem adiado.
Eu percebi que prefiro me arrepender de fazer do que me arrepender de não ter feito no momento em que tive vontade isto porque nunca sabemos o que pode vir a acontecer...

Imagem retirada de: http://belezaesaude.com/ansiedade/

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Anne e John amor verdadeiro

De todas as decisões que tomamos na nossa vida a que eu considero a mais importante é a escolha da pessoa com quem queres partilhar o resto da vida.
Temos que escolher bem a pessoa que vamos amar e partilhar tudo pois será essa pessoa que estará ao teu lado nos teus melhores momentos como nos maus. Será essa pessoa que vai receber todo o teu amor e ele terá que ser capaz de te dar o mesmo.
Eu sou uma privilegiada nesse campo pois tive a sorte de encontrar o John à 11 anos atrás. John é o meu primeiro e único amor. 
A nossa relação é baseada na amizade e confiança. O segredo de ser uma relação duradoura é nunca nos esquecermos que para além de sermos amantes somos amigos e os amigos são aqueles que estão ao nosso lado nos momentos em que queremos rir e em que queremos chorar. E o amante é aquele que está ao nosso lado quando precisamos de carinho, amor e de sentirmos seguros. Eu e o meu marido John somos o casal de eternos amigos com a dádiva de nos podermos amar mutuamente. Ele é o meu porto seguro e a única pessoa que confio para partilhar os sentimentos mais secretos.
A pergunta mais comum é "Como soubeste que ele era o homem para amares o resto da vida?"
Quando é a pessoa certa nós sabemos. Eu soube a partir do momento em que nos apaixonámos sem ser necessário termos contacto físico. Tive a certeza quando ele não me abandonou quando tive problemas familiares, quando ele estava disposto a estar comigo 24h por dia se isso me fizesse sentir bem e segura. Temos certeza que queremos estar com aquela pessoa o resto da vida quando abdicas tudo se for preciso para estares com ele sem sentires que te falta algo. Temos certeza quando ele é operado e tu passas o dia todo ao seu lado só para ver se ele está bem, quando fazes de enfermeira sem sentires que é obrigação. Temos certeza quando temos problemas e isso não faz com que a nossa relação acabe mas sim se fortaleça. Quando somos capazes de nos moldar para sermos um só. Eu tive a certeza que queria o John para o resto da minha vida e que era o meu amor verdadeiro quando casei com ele sem pensar em festa mas sim em nós e na nossa felicidade. Sei que amo o John e o John me ama porque nos completamos um ao outro e os nossos pensamentos encontram-se sempre.
Resumidamente o amor é puro e quando é verdadeiro nós sentimos e fazemos a escolha certa como eu fiz...

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